Com 11 livros, Ogilvy protesta contra a republicação de “Mein Kampf” de Hitler
Agência tomou para si o conceito da obra de extrema direita lançando “Minha Luta Contra o Racismo”
Depois de 70 anos em proibição, a obra antissemita de Adolf Hitler voltou a ser publicada na Alemanha em janeiro desde ano. O famoso “Mein Kampf” (Minha Luta, em português) teve seus direitos autorais expirados e caiu em domínio público, sendo agora editado pelo Instituto de História Contemporânea de Munique.
A decisão foi polêmica, claro, mesmo a nova versão contendo anotações com propósito de desmistificar o texto, mostrando que “é incoerente e ruim, em vez de poderoso e sedutor”, segundo os próprios editores. Historiadores e até grupos judeus concordaram com republicação, como forma de alerta para o mundo.
Quem discorda, porém, alega o péssimo timing, em um momento de conflitos, crises de refugiados e escaladas do fascismo no mundo. A Ogilvy Berlin foi uma das que opôs ao relançamento, lembrando que o partido de extrema-direita saltou de 0 para 24% dos votos nas últimas eleições. A agência decidiu protestar “sequestrando” o próprio conceito do livro para uma campanha de conscientização.
Ogilvy lembra que o partido de extrema direita saltou de 0 para 24% dos votos nas últimas eleições
Publicaram 11 diferentes livros, cada um contando a história de uma pessoa que foi vítima de intolerância e xenofobia. “Mein Kampf gegen Rechts” (Minha Luta Contra o Racismo) mostra seus personagens na capa, como Mosche Dagan, sobrevivente de um campo de concentração; Wana Limar, refugiada do Afeganistão; Irmela Mensah-Schramm, uma senhora que se dedica a apagar grafites nazistas onde quer que os encontre (ela já apagou 130 mil deles); entre outros.
O projeto se tornou um sucesso na Alemanha, com os primeiros 11 mil exemplares esgotados e iniciando um grande debate na mídia local. 1 euro de cada livro vendido foi revertido para a ONG Gesicht Zeigen, dedicada a combater injustiças sociais.