SXSW Ignite: 5 minutos, 20 slides e muita emoção
Evento inova não só pelos temas de palestras, mas também pelos formatos inusitados
Dentro da track de Interactive do SXSW 2017, o evento trouxe, pelo segundo ano consecutivo, um série de painéis no formato chamado Ignite: nele, cada profissional tem apenas 5 minutos para discorrer sobre um tema, com o auxílio de 20 slides que passam automaticamente e que se alternam a cada 15 segundos. Nesta edição, tive a oportunidade de ser uma das 10 profissionais selecionadas para falar para cerca de 250 pessoas no Ignite By Design — meu tema eram as dark patterns, más práticas de UX usadas para enganar usuários — e posso atestar que a experiência é, no mínimo, intensa.
Criado pelo engenheiro Brady Forrest, em 2006, o formato ganhou força nos EUA, vem crescendo e sendo chamado para integrar em diversos eventos de renome no mercado americano. Para o público, trata-se de uma experiência interessante já que, por seu formato dinâmico, cansa menos do que as palestras tradicionais — e como ocorreu no quinto dia do SXSW, proporcionou uma respirada em meio aos painéis de 40 minutos, 1 hora.
Na edição deste ano, o Ignite foi separado em 4 sessões temáticas: Internet Stories, By Design, Impact & Work e Intelligent Future. Como cada uma delas tem 1 hora de duração, com 10 palestrantes, você acaba sendo exposto a muita gente interessante, diferente e a diversos pontos de vista sobre um mesmo assunto. E o dinamismo do formato acaba por contagiar a plateia, que invariavelmente acaba entrando no clima de pressão que o palestrante sente e temendo (ou se divertindo) pelos seus possíveis tropeções.
Pelo seu formato, o Ignite consegue ser dinâmico, mas sem dar muito espaço para o improviso
Para quem palestra, no entanto, a verdade é que o processo dura bem mais do que 5 minutos. Condensar um tema em uma apresentação de curta duração, onde você não tem nem mesmo controle de quando cada slide vai passar, exige um tempo de preparação prévio bem grande. Sincronizar fala, slide e condensar o tema é uma tarefa bastante punk, principalmente se você ainda vai falar em inglês e esse não é o seu idioma nativo.
No meu caso, a preparação começou há cerca de 2 meses atrás, quando soube que fui aceita para o painel. Primeiro, tive que preparar o que ia falar sobre o tema que propus. Depois, o que eu podia falar (e que se encaixava no tempo). A partir daí, foi equilibrar o que estava tomando tempo demais, o que estava sendo muito rápido etc. A escolha dos slides e como eles casariam com o meu discurso teve que ser uma das últimas tarefas e, claro, foi uma das mais difíceis.
Com tudo mais ou menos pronto, aí é treinar muito, de novo e novamente. Quando falamos de uma palestra de 5 minutos, essa preparação prévia é crucial — pelo seu formato, o Ignite consegue ser dinâmico, mas sem dar muito espaço para o improviso. E aí é treinar no ônibus, banheiro, esperando a comida chegar no restaurante, esperando os demais palestrantes entrarem na sua frente e por aí vai. E você ainda precisa se preparar caso tropece em alguma coisa, fale mais rápido que os slides (ou mais lentamente) e controlar esse sincronismo.
No palco, das duas uma: ou o tempo passa e você nem vê (o que foi o meu caso), ou cada um desses blocos de 15 segundos parecem os maiores ou os menores da sua vida (o que diversos palestrantes comentaram). O êxtase e a adrenalina poucos antes da palestra, e um tempo depois, são tremendos e, se há um mês o sentimento era de medo de subir no palco, agora, passado o desafio, é de quero mais.
—
Esse conteúdo é oferecimento da Apex-Brasil, que divulgará durante o SXSW 2017 a campanha Be Brasil, uma narrativa envolvente que promove um Brasil confiável, inovador, criativo e estratégico no mundo dos negócios. Saiba mais em www.bebrasil.com.br/pt