Diversidade ganha espaço nas indicações do Emmy 2017
Prêmio demonstra mudança de hábito no conteúdo de entretenimento atual
As indicações do Emmy 2017 são um exemplo superficial do consumo de entretenimento atual. Alguns pratos ainda se repetem na mesa, mas novos ingredientes entram em destaque – como no tapete vermelho. Quando a notícia do cancelamento de “Sense8″, série da Netflix, chegou na internet, os fãs reagiram de maneira apaixonada. A produção das irmãs Wachowski gastava em média 9 milhões por episódio, e mesmo assim não conquistou audiência suficiente para se sustentar. Seu fim abrupto, e a rápida volta da Netflix em anunciar um encerramento, não demonstra o arrependimento social da empresa (é um empresa, afinal), mas sim o entendimento da imagem que fica para o público. Histórias que abraçam minorias estão mais fortes e as emissoras começam a utilizar isso.
O conteúdo está chegando ao público de maneira mais diversa, opinativa e honesta, e os indicados ao Emmy 2017 são um reflexo dessa transição.
Mesmo que os números sejam graduais (apenas 2 atores negros entre os 13 indicados na categoria de Melhor Ator/Atriz de Drama), a diferença está no conteúdo das séries indicadas. Quase todas as categorias possuem um representante LGBTQ, por exemplo, seja entre seus personagens ou sua trama. Com duas indicações, o episódio de “Black Mirror”, “San Junipero”, destaque do meio e estrelado por Gugu Mbatha e Mackenzie Davis, é um dos exemplos. Laverne Cox, atriz transsexual de “Orange is the New Black”, também foi indicada como Melhor Atriz Convidada de Drama. “Master of None”, produção da Netflix que discute diferentes estereótipos atuais, ganhou duas indicações, como Melhor Ator de Comédia, com Aziz Ansari, e Melhor Atriz Convidada Comédia, com Angela Basset.
Além de Laverne, “Orange is the New Black” também foi indicada como Melhor Atriz Coadjuvante de Drama, com Uzo Aduba. “Transparent”, que conta com oito vitórias no currículo do Emmy passado, ganhou apenas três indicações. Quem irá representar a produção da Amazon, que narra a vida de um protagonista transgênero, é Jeffrey Tambor (Melhor Ator de Comédia), Judith Light e Kathryn Hahn (Melhor Atriz Coadjuvante Comédia).
As mesmas categorias que antes eram preenchidas por atores brancos em dramas existenciais (olá, Don Draper), hoje abrem espaço para uma diversidade maior de tramas. O que deixa essa premiação controversa um pouco mais bonita, é ver diferentes pessoas sendo representadas por séries que são voz e espelho de uma nova geração de conteúdo. Os números não são apenas indicadores sociais, mas espelhos de desejos atuais, os quais as empresas estão cada vez mais receptivas em escutar.
Os responsáveis pelo anúncio de um final digno para “Sense8″ também são os motores por trás desses números. Eles, nós, e a necessidade cada vez maior da palavra “minoria” não ser mais utilizada.