Depois de 28 anos enterrado, o bigode de Salvador Dalí continua preservado
Corpo foi desenterrado para resolver questão judicial
Principal e mais conhecido artista da vanguarda surrealista, Salvador Dalí morreu em 1989 mas ainda é capaz de surpreender o público dos dias de hoje com suas obras de arte baseadas em seus sonhos, como “A Persistência da Memória”, “Os Elefantes” ou “O Grande Masturbador”. O que ninguém esperava, porém, é que o próprio artista se tornasse notícia em pleno 2017, especialmente o seu elegante bigode com as clássicas pontas para cima.
No mês passado, um tribunal na Espanha ordenou que o corpo de Dalí fosse exumado para que fosse realizado um teste de paternidade em Pilar Abel, uma leitora de cartas de tarô que entrou com processo em 2007 alegando ser filha do pintor. De acordo com ela, sua mãe trabalhava em um local próximo da casa de férias da família do artista nos anos 50 e os dois se tornaram amantes na época. Abel fez primeiro um exame de DNA à partir de fios de cabelos e restos de pele tirados da máscara mortuária do pintor, seus únicos traços biológicos remanescentes, mas eles voltaram inconclusivos; o próximo passo, então, foi buscar exemplares do corpo, sepultado no Museu-Teatro Dalí em Figueres.
Com o corpo exumado e as provas extraídas, quem no fim acabou saindo mais contente do processo até o momento foi o embalsamador do artista. De acordo com a agente funerária do artista, Narcís Bardalet, o bigode de Dalí está perfeitamente intacto, mesmo o resto do corpo parecendo uma múmia. “As pontas apontam [como um relógio marcando] 10 pras 10, como ele gostava” disse Bardalet em entrevista à rádio catalã RAC1.
Quem com certeza não gostou de ver o corpo ser desenterrado foi a Fundação Gala-Salvador Dalí, instituição que cuida do espólio do pintor. Em declaração ao Gizmodo, a fundação declarou que cooperou com a exumação apesar de estar em “total desacordo” com a decisão, dizendo que antes do ato Pilar Abel deveria ter feito um teste de DNA com o seu pai (falecido) ou seu irmão “oficiais” para mostrar evidências de que ela não era descendente daquela família.
Querendo ou não, a Fundação agora aguarda junto do resto dos envolvidos com o processo a divulgação dos resultados do teste, que segundo o Guardian deve sair em um ou dois meses. Se Abel for mesma a filha perdida de Dalí, ela pode herdar até 25% do espólio do artista, algo que desde já enfurece os responsáveis pelo legado do pintor. Os donos da Fundação inclusive já declararam à mídia que pretendem processar a leitora de cartas qualquer que seja o resultado da questão.
Já o corpo e o bigode de Dalí já voltaram à tumba e (pelo visto) passam bem.