Diretor de “Kong: Ilha da Caveira” zoa o próprio filme no YouTube
Jordan Vogt-Roberts criticou vários pontos da nova versão de King Kong, mas defendeu o número excessivo de helicópteros em cena
Pode parecer estranho, mas a auto-crítica é uma prática mais ou menos rotineira no mercado cinematográfico. Para cada Nolan falando que quem não gostou de “Interestelar” não entendeu o filme, há um Joel Schumacher (e George Clooney) que admite que “Batman e Robin” foi um erro, um David Fincher que detesta a versão final de “Alien 3” (por conta das intervenções do estúdio) e até mesmo um Stanley Kubrick que não queria que ninguém visse seu primeiro longa-metragem, “Medo e Desejo”.
Os casos variam muito. Há quem faça o mea culpa em coisas pequenas como J.J. Abrams quando concordou com o fato de ter sido um erro não mostrar Leia consolando Chewbacca após aquele fatídico evento em “O Despertar da Força”. Mas há também aqueles casos mais explosivos, como o momento em que Josh Trank detonou o seu reboot do “Quarteto Fantástico” que dirigiu para a Fox uma semana antes do lançamento do longa nos cinemas.
Quem seguiu agora um caminho parecido a este último (mas bem mais comedido) neste “bonde da honestidade” foi Jordan Vogt-Roberts, cineasta responsável pela nova versão de King Kong que estreou nas telonas no começo do ano. Em um dos vídeos do “Honest Trailers”, programa popular do canal Screen Junkies no YouTube que é conhecido por fazer graça com as últimas grande produções de Hollywood, o diretor de “Kong: Ilha da Caveira” resolveu participar ativamente do processo da produção do vídeo sobre o longa, escrevendo parte do roteiro que zoa o seu filme de ação. Confira acima o resultado.
Vogt-Roberts, que já havia confirmado em julho em outro programa do canal que gostaria de participar do “Honest Trailer” de “Ilha da Caveira”, diz no vídeo que não existe crítico maior de seu trabalho que ele mesmo e que a seu ver não é errado o diretor assumir o controle da tiração de sarro sobre a própria obra. “Eu amo a crítica cinematográfica e amo ler resenhas negativas quando o autor faz argumentos atraentes e bem escritos” o diretor afirma, emendando: “Sátira não é falência. Você não pode simplesmente declará-la.”.
Na parte que o cineasta assume o comando do programa, as maiores críticas feitas por ele se referem ao grande número de personagens humanos – e o tempo gasto para uni-los no primeiro ato apenas para separá-los em dez minutos no segundo – e a trama complexa. Ele, porém, defende com unhas e dentes a presença de inúmeros helicópteros na ilha, afirmando que há um plano na produção que estabelece a quantidade de veículos presentes na trama.
Não há uma explicação oficial para a decisão espontânea de Vogt-Roberts em ajudar a destruir o próprio trabalho de uma forma tão espetacularizada, mas é uma coincidência um tanto curiosa que o vídeo tenha saído quase um mês depois do diretor fazer críticas severas ao Cinema Sins, outro canal no YouTube que faz piada com os grandes lançamentos cinematográficos e que é bastante criticado por cineastas e jornalistas. Em sua conta no Twitter, o diretor fez uma história destruindo cada uma das críticas feitas pelo programa a “Ilha da Caveira”, chamando os criadores da conta de “trolls” e responsabilizando-os pelo “emburrecimento do cinema”. Você pode ler a thread inteira clicando no tweet abaixo:
Mystery Science Theatre built something artful, endearing and comedic on top of the foundation other people's work. It had merit to itself.
— Jordan Vogt-Roberts (@VogtRoberts) August 15, 2017