O que a morte – mais do que a vida – pode nos dizer sobre uma pessoa?
Lux Narayan, Head de Social Media da Unmetric, analisou 2.000 obituários para descobrir a resposta
Imagine que você pega o seu jornal todo dia de manhã e vai direto ler uma seção. Ok, eu sei. Imagine antes que você ainda pega um jornal para ler todo dia de manhã. Por onde você começaria? Política? Esporte? Entretenimento? Que tal pelo obituário? Esse estranho hábito gerou um TED Talk do head of social media intelligence da Unmetric, Lux Narayan.
Ele analisou 2,000 obituários tentando descobrir o que a morte – mais do que a vida – pode nos dizer sobre uma pessoa. De famosos ilustres a ilustres desconhecidos. E o resultado, segundo Narayan, é bem parecido. No fim, somos lembrados pelo que fazemos pelos outros e pela sociedade.
Claro, estamos falando de obituários de jornal. Não é justo falar mal de quem nem tem como se defender. É como se a morte ativasse uma percepção seletiva trazendo à luz somente as coisas boas. Uma espécie de altruísmo póstumo como no brilhante comercial “The World’s Biggest Asshole”.
Falcão, ídolo do Inter e Rei de Roma disse uma vez com a mesma precisão e elegância que usava em campo que o jogador de futebol morre duas vezes. A primeira vez é quando para de jogar.
Viver a vida como como gostaríamos de ser lembrados, por mais auto-ajuda que pareça, ainda parece o melhor caminho.
Na verdade, acho que todos morremos mais de uma vez. O desemprego não deixa de ser um tipo de morte. Uma morte social. Da sua pessoa jurídica. A morte das horas e da rotina que ocupavam o seu dia. Você, como espírito desencarnado, olha de fora para as vidas que logo voltam para a normalidade assim que você não está mais ali. Porque as reuniões continuam existindo. Campanhas seguem sendo criadas, reprovadas ou aprovadas. Prazos sendo cumpridos ou não. A diferença é que agora você não está mais ali.
Um amor que acaba é a morte do felizes para sempre. O primeiro emprego é a morte de não ter responsabilidades. Descobrir o truque do mágico é a morte do encantamento.
A verdade é que ninguém passa incólume pela morte, seja ela figurada ou não. Viver a vida como como gostaríamos de ser lembrados, por mais auto-ajuda que pareça, ainda parece o melhor caminho.
Como diria Woody Allen, “Não é que eu tenho medo de morrer. Eu só não quero estar lá quando acontecer”. Nesse meio tempo, só nos resta tratar de ser felizes.