Os esnobados do Oscar 2018
De produções de cineastas renomados à atuações que tinham suas vagas dadas como certas
Após a divulgação dos indicados aos prêmios do Oscar (que você pode conferir aqui), obras como “A Forma da Água”, “Corra!” e “Lady Bird” confirmaram o favoritismo que vinha se desenhando na temporada de premiações. Há, porém, muitos filmes que criaram grandes expectativas e acabaram sendo esnobados pela Academia. Confira, abaixo, algumas das obras que eram cotadas para colecionarem indicações e que acabaram ou ignoradas, ou com poucos nomes na lista final.
O Artista do Desastre
Dirigido e protagonizado por James Franco, o filme que conta a história da realização de “The Room”, considerado por muitos um dos piores filmes de todos os tempos, e de seu idealizador, o infame Tommy Wiseau. Apesar de ter sido lembrado por outras premiações, o longa acabou sendo ignorado em boa parte das categorias do Oscar, tendo garantido apenas a indicação por Melhor Roteiro Adaptado.
Os recentes casos de assédio envolvendo James Franco parecem ter influenciado, principalmente pela temporada de premiações estar marcada pelos vários protestos contra casos de violência sexual, culminando até na criação de um fundo para ajudar vítimas de assédio: o Time’s Up.
Detroit – Em Rebelião
Dirigido pela premiada Kathryn Bigelow (de “Guerra ao Terror”), Detroit foi um dos filmes mais aguardados da temporada passada. Além de tratar de um caso real de racismo, a obra era cotada por ser dirigido por uma mulher, algo que a Academia escolheu prestigiar para demonstrar seu engajamento na luta por igualdade de gênero. O filme, todavia, não teve sequer uma indicação.
Mulher-Maravilha
É verdade que filmes baseados em super-heróis não costumam colecionar indicações ao Oscar. Porém, o fato de o filme ter marcado presença em prêmios como Screen Actors Guild Awards, Producers Guild Awards e Critic’s Choice Awards – que são, respectivamente, os prêmios do sindicado dos atores, produtores e dos críticos -, fez com que houvesse esperança para os fãs da heroína. Principalmente para Patty Jenkins, que teve seu trabalho elogiado por crítica e público. O filme, porém, não teve nenhuma indicação. A obra baseada em heróis da vez foi “Logan”, que conseguiu sua indicação por Melhor Roteiro Adaptado.
Projeto Flórida
O segundo longa-metragem de Sean Baker colecionou elogios e críticas positivas pelos festivais por onde passou. Não houve, porém, muitas menções nas principais categorias. Além da indicação de Willem Dafoe como Melhor Ator Coadjuvante, a obra não foi indicada nem por roteiro, nem por direção e nem na categoria principal, a de Melhor Filme.
Ausência de indicações específicas também surpreende
Além dos filmes de destaque da última temporada, algumas indicações específicas também eram esperadas. O diretor Martin McDonagh, de “Três Anúncios Para Um Crime”, também era um dos mais cotados para concorrer ao prêmio de direção.
Entre os atores, a vaga de Armie Hammer por “Me Chame Pelo Seu Nome” também era dada como certa entre os candidatos ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. Do mesmo filme, era esperado que Luca Guadagnino, diretor de “Me Chame Pelo Seu Nome”, fosse indicado, algo que também não aconteceu.
Um novo cenário para Hollywood
Para os que acompanham com certa distância, a lista de 2018 pode parecer apenas mais uma entre tantas, mas os recentes acontecimentos a tornam um potencial marco para a indústria. A valorização de atuações como a de Christopher Plummer, que substituiu Kevin Spacey após os escândalos de assédio, aponta para uma vontade da Academia de valorizar esforços para limpar a imagem da indústria, pondo de lado nomes polêmicos. Há também o prestígio e reconhecimento para produções encabeçadas por diretoras, como “Lady Bird: É Hora de Voar”, que surgiu como um filme “menor” e chega ao principal prêmio da temporada com cinco indicações.
Também é digna de nota a ausência de qualquer envolvido em produções de Woody Allen. Kate Winslet teve uma atuação de destaque em “Roda Gigante” e Vittorio Storaro, diretor de fotografia do filme, é um dos mais respeitados profissionais de seu ramo na indústria cinematográfica. Ambos provavelmente tiveram suas chances destruídas pelo ressurgimento das polêmicas em torno do diretor novaiorquino. Allen é o centro de um dos mais polêmicos casos de assédio e abuso da indústria: foi acusado de ter violentado a própria filha adotiva, Dylan Farrow.