SXSW 2018: Cientistas irão mandar sonda autônoma para estudar as camadas mais quentes do Sol
Quem disse que não dá pra voar perto do Sol sem se queimar?
Meu dia aqui começa muito bem, com duas mulheres falando da exploração espacial – mais especificamente, de uma missão em direção ao ao Sol.
Esta ainda não é uma missão tripulada, porém. Quem fará uma visita ao sol é a Parker Solar Probe, uma sonda espacial incrivelmente autônoma. E haja inteligência: ela tem que se auto-diagnosticar E se consertar sozinha, porque não poderemos fazer muito daqui depois que ela decolar da Terra.
O maior desafio é não se queimar no processo: o Sol tem uma coroa em sua atmosfera cuja temperatura chega aos 2500° Farenheit – algo em torno de 1370° Celsius – e a sonda precisa sobreviver e operar neste calor. Mas também é desafiador sobreviver a mudanças drásticas de temperatura e alterações de gravidade e magnetismo muito intensas.
A sonda é resultado de um projeto de 60 anos e que envolveu o desenvolvimento de diversas tecnologias para que ela pudesse ser viável. A mais importante sem dúvida foi o escudo que protege a Parker Solar Probe do calor excessivo e faz com que a temperatura dentro dela não seja muito mais alta do que a que sentimos aqui na sala, algo em torno de 30°C. A quantidade de testes pelo qual cada componente da estrutura passa e a quantidade de esforço e de iterações no processo também são impressionantes: o período total de testes integrados da sonda será de um ano – imagina a resiliência deste time de cientistas.
O que vamos buscar com a sonda? O primeiro objetivo é entender o porquê desta coroa solar ser mais quente que o próprio Sol. O segundo (e talvez mais importante) é o de entender a fonte de energia desta coroa e seu poder. De acordo com Nicola Fox, cientista responsável pelo projeto, os movimentos desta coroa são tão fortes que em 1859 ela derrubou todo o sistema de telégrafos dos Estados Unidos.
A Parker Solar Probe será lançada no dia 31 de julho e deve levar cerca de 3 meses para chegar no Sol. A sonda ficará por lá por um longo período de 6 anos, coletando todo tipo de informações para os cientistas. Aos olhos dos pesquisadores envolvidos, o projeto promete reescrever os livros de ciências daqui a alguns anos – ao qual Fox acrescenta: “Os cientistas veem o mundo como ele o é, os engenheiros veem o mundo como ele poderia ser”.