Designers dos créditos de “Stranger Things” protestam no SXSW 2018 contra o “Pular introdução” da Netflix
Imaginary Forces cria campanha no festival voltada à conscientização do trabalho por trás das aberturas das séries de TV
Introduzido há quase um ano, o botão “Pular introdução” se tornou uma espécie de salvação aos binge watchers da Netflix. Em meio a tantas maratonas, a oportunidade de poder cortar fora os créditos iniciais das aberturas evita que as pessoas sejam forçadas a ouvir a mesma música tema de novo e de novo até saberem assobiá-las de cor, além de economizar um tempo precioso que pode ser convertido em… mais episódios no dia.
Mas se aos olhos dos telespectadores mais ávidos a ferramenta é uma espécie de nova salvação, para os designers e agências por trás daquelas aberturas tão criativas o botão soa como o anticristo. Tanto que a Imaginary Forces – umas das empresas responsáveis pela concepção dos designs dos créditos iniciais de diversas séries e filmes da Netflix, incluindo aí “Stranger Things” – resolveu lançar a campanha #DontSkipTheTitles (#NãoPuleOsCréditos, em português) durante o SXSW 2018.
Com quatro produções sendo consideradas para a competição de design de aberturas do festival, a agência resolveu fazer um pequeno evento em Austin voltado à questão. “Para a gente, os créditos iniciais são uma parte legítima da experiência. É importante para deixar as pessoas no clima, entrar no programa, estabelecer o tom e definir o palco.” diz Karin Fong, diretora criativa da Imaginary Forces em entrevista à Fast Company; “Você está em seu mundo real e de repente você entra neste universo de fantasia, e as aberturas são fundamentais para isto acontecer.”.
Para disseminar o movimento e conscientizar o público do trabalho por trás destes segmentos que elas estão dispensando, a agência aposta na distribuição de bótons pelo festival. São três modelos, como os mostrados abaixo: um escrito “Screen Cred”, outro com a palavra “Skip” riscada e por último um com os dizeres “Let The Titles Play”.
Fong e os outros envolvidos na campanha sabem que as pessoas geralmente encaram os créditos como uma espécie de item desnecessário nas produções televisivas – eles inclusive chegaram a brincar no evento sobre o porquê de não existir um botão para pular diálogos lentos ou perseguições de carro – e para eles o ônus disso tudo é que eles sentem-se desafiados a fazer introduções ainda mais envolventes visualmente. “Nós estivemos em salas [na Netflix] onde nós discutimos a possibilidade de criar aberturas diferentes para cada episódio. Nós as mudamos entre as temporadas? Haverão versões disso se esta possibilidade se materializar” se questiona a diretora criativa junto dos colegas.