SXSW 2018: As 1001 sensações de se palestrar no evento
Ambev apresentou no festival um projeto de negócios sociais e criou um canal com as gerações mais jovens e engajadas
Foi muito legal participar de algo tão grande. Já tinha ouvido muito falar do SXSW mas sua magnitude é impressionante. Só quando chegamos aqui que entendemos. São milhares de pessoas e muito conteúdo, ficamos até perdidos com tantas palestras acontecendo ao mesmo tempo – é o famoso FOMO (Fear Of Missing Out) – então para os palestrantes existe uma disputa pelo interesse do público. Há palestras maravilhosas com pessoas famosas que ficam com a sala vazia e outras que por alguma razão – pelo título ou divulgação – lotam.
Eu estava apreensiva se nosso painel despertaria interesse, já que não fizemos quase nenhuma divulgação e o foco eram soluções sociais, sendo que o festival nem tem esta pegada. Mas a primeira boa surpresa foi que a sala lotou! Havia muita gente interessada em conhecer a AMA, o negócio social que criamos em 2017 dentro da Cervejaria Ambev usando de toda a nossa estrutura, times de vendas, marketing, logística, parceiros, ou seja, toda a nossa energia. AMA é uma água que reverte todo seu lucro para projetos que levam água potável para as pessoas do semiárido brasileiro.
Nosso parceiro nessa jornada, Rogerio Oliveira, co-fundador do Yunus Negócios Sociais no Brasil, explicou no painel que os negócios sociais são um ponto de virada que permitem que empresas pensem em soluções lucrativas para resolver problemas sociais. É como um “setor 2.5”, algo intermediário entre o segundo e o terceiro setor capaz de gerar lucro, mas com a diferença de que este lucro é voltado para resolver um problema social e não para ser distribuído entre os acionistas.
No SXSW, queríamos mostrar que as empresas podem ajudar a resolver os problemas sociais da atualidade, mas não podem fazer isso sozinhas. É preciso juntar os diferentes atores, pessoas e consumidores conectados com esta causa e juntos fazer algo grande, unir as pessoas para tornar o mundo um lugar melhor. Nickolas Haan, da Singulariy University, outro parceiro que subiu ao palco conosco, resumiu bem nosso objetivo. Segundo ele, as empresas podem ajudar a resolver os grandes problemas sociais do mundo e precisam pensar em como usar as tecnologias exponenciais para isso.
O feedback do público foi sensacional. Uma fila de pessoas querendo fazer perguntas enorme se abriu no meio da sala, fazendo perguntas de A a Z. Havia muitos empreendedores querendo dicas sobre como começar negócios sociais, outras pessoas querendo entender melhor o projeto, tendo dúvidas sobre os desafios do mundo e o papel das empresas nisso. Houveram até questionamentos sobre o papel dos jovens no mundo de hoje.
Foi engraçado, pois alguns citaram o fato de que a atual geração de adolescentes parece muito preocupada com tecnologia e games, mas não muito preocupada com problemas sociais e como eles podem ajudar. Mas outros pensam diferente, acham que a nova geração está mais antenada em questões sociais e cobra um posicionamento das empresas, estando dispostos a trabalhar apenas para companhias que se identificam com os seus valores. Interessante essa discussão, parece não haver consenso se a nova geração é mais antenada ou mais alheia a problemas sociais.
A interação com o público no SXSW é bem impressionante. Foi algo que eu não esperava e foi uma surpresa muito positiva. É uma audiência mega diversa, principalmente de background. Haviam especialistas, leigos, pessoas do mundo social e outras que nem sabiam o que era negócio social, algumas mais antenadas em tecnologia e outras que nunca ouviram falar de tecnologia exponencial… bem diverso!
Expor nosso trabalho no evento foi uma experiência incrível para abrir a cabeça. Estou com vários contatos para conversar quando voltar para o Brasil. Também vi ativações de marcas bem legais e podemos nos inspirar nisso. E o mais importante: nos ajudou a divulgar AMA e o projeto até mesmo para brasileiros, que parecem ser de longe a maior nacionalidade aqui depois de americanos. Espero que ajude mais pessoas a investir em negócios sociais e mostrar que a nova geração está engajada sim em solucionar problemas sociais.