SXSW 2018: As startups japonesas são mais estranhas do que Austin
Confira as invenções mais mirabolantes criadas por estudantes de Tóquio
“Keep Austin Weird” clamam camisetas, cartazes, adesivos, bótons, bonés, tatuagens, sungas, caubóis e corvos que cruzam meu caminho aqui no SXSW. Os japoneses, sempre eles, têm tentado acatar com brilhantismo ímpar a este pedido.
No pitch de startups “The Weird Startups from U. of Tokyo”, que já acontece há 5 anos no festival, estudantes de diversos cursos da universidade da capital japonesa apresentaram aos investidores do mundo as suas novas empresas. Quase todas são bem estranhas, confirmando a honestidade do título do painel.
Na clássica dinâmica de 5 minutos por apresentação, jovens japoneses trouxeram produções quase sempre relacionadas à robótica para problemas cotidianos. Tudo com uma simpatia que me fez querer morder a bochecha de quase todos eles.
Fiz um apanhado do que apareceu de mais interessante e/ou “estranho”:
Archileon
Cansadas de paredes retas (não me perguntem o porquê) e apaixonadas por Gaudí, um grupo de jovens japonesas criou uma impressora/robô com pouco mais que 4 vezes o tamanho de uma caixa de sapato que, tal qual um joão-de-barro, levanta paredes circulares ou ovaladas. Isso é possível porque a impressora possui uma série de microjatos que possobilitam heterogeneidade entre suas “layers”. Me pareceu mais interessante para arte do que para a arquitetura. Thomie Othake, conterrânea das garotas, seria uma cliente potencial – se a FedEx entregasse no céu.
As Ears
Muitas empresas do universo da acessibilidade já projetam melhorias na vida dos surdos, mas por mais paradoxal que isso pareça os surdos de um só ouvido não recebem a mesma atenção desta indústria. Foi pensando nisso que um jovem estudante japonês, sem a audição do ouvido direito, criou o As Ears, um óculos microfonado que joga a informação sonora em forma de vibração na haste do óculos sustentada pela orelha do ouvido danificado, transmitindo o som via estrutura óssea do crânio. Assim, é possível fazer a pessoa voltar ao “modo stereo”. Bem emocionante, embora o óculos – assim como todos os óculos-gadgets – ainda seja horroroso.
Ninja Drone
Fiquei em polvorosa quando o estudante responsável pelo projeto entrou no palco e surgiu o nome de sua startup no telão. Seria um drone invisível? Silencioso? Mortal? Nada disso. O ninja drone nem é ninja, nem drone. Na verdade, está mais para um robô macaco prego ou uma aranha prateada com a patas para cima. Ele “caminha” pelo teto sustentado e locomovido por suas garras. Segundo seus criadores, o Ninja Drone é uma boa alternativa por exemplo para um supermercado, que não precisaria mais de tantas câmeras no seu sistema de segurança uma vez que o produto faria o serviço cobrindo diversos pontos conforme necessidade. Confesso que não me sinto muito à vontade com a ideia de ter um macaco de ferro me seguindo enquanto procuro o corredor do papel higiênico, mas tudo bem.
Lunativity
Minha favorita e, segundo o mediador do painel, “a startup mais estranha do ano”. Uma invenção que se encaixa na categoria do hoverboard e do segway. Até mesmo explicar o conceito é difícil, e você vai precisar das imagens abaixo para entender. É uma coisa (desculpe a ausência de palavra melhor) que você acopla ao corpo e que, ao detectar que você está pulando ou andando, ativa uma série de minidrones sobre a sua cabeça, que dividem com seu corpo o seu peso, e dão a sensação de se estar com a gravidade bem reduzida. O fator trambolho ainda é uma barreira a ser transposta, uma vez que o usuário fica parecendo um estande flutuante de feira de ciências da escola. Mas a experiência parece sensacional. Já fico imaginando a ala das baianas voadoras que o carnavalesco Paulo Barros vai levar para a Sapucaí quando a novidade chegar ao Brasil, se chegar.
Plen Cube
De todos os serviços e produtos apresentados, o Plen Cube parece o mais próximo de chegar ao mercado varejista. Este pequeno cubinho, que lembra muito o ícone do Instagram tridimensionalizado, possui uma câmera que pode ser programada para acompanhar um rosto em deslocamento. Ou seja: se você quer filmar as próprias manobras de skate em uma minirampa mas não tem amigos para isso, basta programar o Plen Cube para seguir o seu rosto e, por consequência, o vai e vem de seus ollies e aéreos. Isso por que ele possui um pescocinho articulado que dá independência ao topo do cubo, onde está posicionada a lente, permitindo pequenos movimentos verticais e horizontais guiados pelo sensor.
Se você quiser saber mais sobre as startups dos anos anteriores e descobrir maiores informações sobre os projetos que listei neste texto, você pode encontrar aqui.