Descubra como você pode “deletar” coisas do seu cérebro

Descubra como você pode “deletar” coisas do seu cérebro

A resposta, por incrível que pareça, está na hora de dormir

por Pedro Strazza
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Todo mundo já deve ter passado pela experiência incômoda de ter esquecido algo importante de bobeira. De tarefas básicas e diárias como escovar os dentes e fazer as compras a compromissos mais sérios como encontros e reuniões, a memória de vez em quando é capaz de trair o ser humano nos momentos mais inesperados.

É possível, porém, controlar e separar o que exatamente vai se esvair da memória das informações que você quer que se mantenham vivas na sua mente. Em artigo assinado para a Fast Company, os escritores Judah Pollock e Olivia Fox Cabane contaram algumas das revelações feitas por pesquisadores científicos sobre o cérebro nos últimos tempos, que explicam entre outras coisas como o funcionamento do órgão está relacionado diretamente a este problema de memória enfrentado rotineiramente pelo indivíduo – e melhor ainda, como resolver este processo a seu favor.

Na publicação, os dois autores explicam que o cérebro funciona como uma espécie de grande jardim, onde “ao invés de flores, frutas e vegetais” existem conexões sinápticas crescendo entre os neurônios constantemente. Os “jardineiros” responsáveis por este campo são as células da glia, que tem como função acelerar os sinais entre determinados neurônios, mas entre elas há também as células micróglias cuja missão é a de remover quaisquer acúmulos que não estejam sendo utilizados já há algum tempo pelo cérebro. Estas últimas são as responsáveis por seu esquecimento, das fórmulas de matemática ou fatos históricos que você nunca mais usou na vida até aquele trabalho que você tinha que era pra entregar hoje ao seu chefe ou professor.

Até aí é beabá básico de neurologia, mas nisso tudo uma questão sempre intrigou a ciência: como diabos estas células sabem o que é e o que não é pra remover? A resposta definitiva para este mistério ainda não foi descoberta pela pesquisa científica, mas os cientistas já entenderam que as conexões sinápticas menos utilizadas pelo cérebro são marcadas quimicamente por uma proteína – a C1q, no caso – que, quando identificada pelas células micróglias, induz as exterminadoras a se alinhar e destruir aquela ligação. Como Pollock e Cabane bem colocam, é assim que o seu cérebro abre espaço físico na sua memória para que você seja capaz de aprender mais.

Mas em que momento do dia estas conexões são destruídas? Os pesquisadores afirmam que é na hora do sono que tanto as células do glial quanto as micróglias agem, pois depois de um longo dia de trabalho e estudo todo o aprendizado que o indivíduo teve é armazenado em ligações muito frágeis, ineficientes e que ocupam muito espaço no cérebro. É daí, inclusive, que vem aquela sensação de “cabeça cheia” que qualquer um pode ter, além da importância da soneca: quanto menos tempo dormindo você tiver, menos tempo o seu cérebro terá para fortalecer suas conexões entre neurônios e – por consequência – menos conhecimento aprendido você terá assimilado para os próximos dias.

É a partir daí que se pode resolver o problema da memória. Além da óbvia resolução “durma mais” – sonecas de 10 ou 20 minutos ajudam o processo de fortalecimento das conexões sinápticas -, Pollock e Cabane apontam que o que você pensa pouco antes de dormir (sabe, naquele momento em que você está deitado na cama contando carneirinhos) é o que tem mais chances de não ser marcado pela proteína e continuar vivo no seu cérebro na manhã seguinte. Assim, se você pensar muito mais na morte da bezerra ao invés da agenda do dia seguinte, muito provavelmente sua cabeça sairá do sono muito mais interessada em continuar a pensar na bezerra que no que é importante.

O truque então, passa por uma dinâmica básica de pensar no que é mais vital a você antes de dormir todo dia. Não precisa ser a única coisa (ninguém quer virar um workaholic estressado, é bom colocar), mas manter em mente os seus objetivos do dia seguinte ou as novas informações que você aprendeu nas últimas horas ajudam sua mente a guardar na memória os fatos importantes e eliminar dela o que é curiosidade inútil.

Se você estiver afim de ler o artigo e saber um pouco mais sobre os trabalhos de Pollock e Cabane, o link para o texto é este.

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