Nova inteligência artificial avalia se você é o candidato ideal para emprego à partir de suas expressões faciais
Mais de 25 mil pontos do rosto e da fala do entrevistado são analisados pelo software da HireVue para ver se o seu perfil é o mesmo buscado pelos contratantes
Por mais que muitos temam e suem frio ao mero ouvir das palavras “entrevista de emprego”, o processo de seleção de novos funcionários é um momento importante no curso de qualquer empresa. Isso não quer dizer que esta escolha seja fácil: além dos inúmeros aplicantes, sempre há os milhões de fatores que os empregadores tem que levar em conta na hora de excluir e admitir candidatos para chegar àqueles que realmente atendem melhor as necessidades imediatas do local de trabalho.
Mas há quem busque uma ajuda na tecnologia para pular passos neste longo e árduo processo, como o Hilton International que desde 2014 vem recorrendo a uma inteligência artificial para destacar os melhores candidatos de sua longa lista de aplicantes interessados em trabalhar na cadeia de hotéis. Mediado por três computadores e administrado pela HireVue, o sistema determina se a pessoa merece ser analisada pela “parte humana” através das expressões feitas pela pessoa ao responder algumas perguntas para uma câmera.
“É uma entrevista de uma via só. O candidato vai receber algo entre cinco ou sete perguntas que terá a chance de responder.” afirma Sarah Smart, vice-presidente de recrutamento global do Hilton, ao Fast Company, ao qual também confirma que as questões foram desenvolvidas em parceria com a HireVue.
O curioso é que o sistema da HireVue não investiga as gravações dos candidatos em busca de acertos e erros, mas sim para tentar determinar se a personalidade do entrevistado se enquadra com a requerida pelo hotel. À partir das respostas, o software começa desconstrói as reações da pessoa em todos os campos, desde o número de preposições que ela usa até o número de vezes que ela sorri. A análise dos dados, de certa forma, permite conectar o perfil da pessoal às suas capacidades individuais de trabalho à partir daquilo que ela expressa – o que não deixa de ser aquilo que recrutadores fazem em entrevistas de emprego.
O número de dados analisados pelo programa, vale acrescentar, é imenso. A empresa afirma que mais de 25 mil pontos de interesse são apreendidos pelo software, mas grande parte dos contratantes não vê todos os fatores para determinar o que ela quer nos futuros novos funcionários.
Para o Hilton, o modo de operação da máquina é perfeito porque atende sua necessidade de passar e reprovar candidatos: dos 43 mil candidatos que se inscreveram para tentar uma vaga no hotel, mais de dois terços foram “eliminados” depois de passar pela IA, facilitando e diminuindo o tempo dado pela equipe de recrutamento às entrevistas individuais. O CTO da HireVue Loren Larsen, porém, discorda da noção de que tecnologia esteja sendo usada para definir candidatos em duas categorias: “Nós nunca dizemos que [a pessoa] passou ou reprovou. O que nós devolvemos é uma nota que é basicamente igual ao seu resultado no vestibular.” diz ele, basicamente reiterando a ideia de que o programa faz um ranqueamento dos candidatos – aos recrutadores, cabe apenas definir a “nota de corte”.
Larson também afirma que uma das principais qualidades (e ambições) do software do HireVue é a oportunidade de libertar o processo de seleção de qualquer preconceito e opinião tendenciosa, uma missão que ele usa para defender a ideia de que o programa não deva ser usado para fazer recortes agressivos de listas de aplicantes a uma vaga: “Nós temos que ser muito, muito cuidadosos sobre impactos adversos. Se eles eliminarem todos os aplicantes que fizerem uma pontuação abaixo do 90%, é bem provável que eles não tenham, digamos, mulheres ou afro-americanos ou latinos suficientes na lista para ter uma seleção balanceada” declara ao Fast Company.
Até o momento a HireVue não disponibiliza aos entrevistados pelo software os resultados de seu exame, mas a empresa diz que deve adicionar um relatório do tipo aos aplicantes nos próximos meses.