85% dos gastos da Netflix atualmente vão para produções originais, afirma Ted Sarandos
Chefe de conteúdo do canal também comentou a entrada da Disney no mercado de streaming e reafirmou posição da empresa sobre conteúdo ao vivo
Durante uma conferência realizada hoje (14) no evento corporativo MoffettNathanson’s Media & Communications, o atual chefe de conteúdo da Netflix Ted Sarandos divulgou algumas estatísticas e estratégias que elucidam parte do modo de operação do serviço de streaming em relação ao seu conteúdo original, um investimento que a empresa há alguns meses anunciou que pode chegar ao custo de 8 bilhões de dólares aos seus cofres somente no ano de 2018 (via Variety). Mas este valor, segundo o executivo, ainda representa apenas 85% dos gastos atuais do canal, com outros 15% sendo direcionados a contratos de licenciamento a outros estúdios e corporações para exibição em seu streaming.
São números que na prática representam cerca de 1000 produções originais ao catálogo do serviço em 2018, sendo que destes 470 ainda estão para serem lançados até o fim do ano. “Os criadores com os quais conversamos, eles assistem a Netflix e querem pertencer à nossa rede” afirma o executivo, que continua dizendo ser uma “boa época” para ser um produtor no mercado.
O público pelo visto concorda. Segundo Sarandos, 90% dos usuários do serviço assistem regularmente a programação original da Netflix, e estas produções não precisam se tornar fenômenos de audiência para serem vistos como casos de sucesso: produções pequenas como a cinebiografia de Roxanne Shanté “Roxanne Roxanne” e a comédia adolescente “Dude” conquistaram entre 8 e 10 milhões de espectadores no canal sem grande alarde. “Nossos competidores dizem que estes filmes se perdem na Netflix, mas há ainda um grande público para estes projetos menores” declarou o executivo.
Sarandos também disse que estes números são muito maiores quando comparados aos filmes obtidos em acordos de licenciamento, cujo interesse habitualmente não é muito passional por parte do público. Isso inclusive foi um dos motivos pelo qual a empresa decidiu investir mais em conteúdo original: “Dez meses depois de um filme ter sido lançado nos cinemas, há uma boa chance de que você já o tenha visto. Nós pensamos ‘talvez nós possamos investir nossos bilhões de dólares direcionados a acordos de licenciamento em produções originais'”, diz ele.
O responsável pelo catálogo de originais da Netflix também comentou no evento sobre a decisão de alguns estúdios em criar os próprios canais de streaming, incluindo aí a Disney que no ano passado deflagrou uma “guerra” de conteúdo com a empresa ao optar por não renovar o seu contrato de licenciamento e anunciar serviço próprio. Sarandos acredita que os movimentos do estúdio até o momento tem sido mais lentos que ele esperava, acrescentando que não sabe o motivo pelo qual “eles demoraram tanto” para fazer esta opção.
Sobre programação ao vivo, o executivo voltou a afirmar que a empresa não tem planos para entrar neste mercado. “Quando [atrações ao vivo] for o próximo melhor uso de dez bilhões de dólares, aí sim nós iremos fazer um grande anúncio sobre esportes” declarou o CCO, comentando ainda sobre ainda haver ótimas alternativas para a programação de notícias por aí.