Adobe vai utilizar inteligência artificial para identificar imagens alteradas
Ferramenta para quem edita, ferramenta para quem não quer que edite
A difusão de fake news é um das batalhas da internet atual. É normal que seja cobrada alguma reação de grandes empresas de tecnologia. Na parte de manipulação de mídia digital, muitas das alterações são feitas através com inteligência artificial. Usando da mesma carta, a Adobe desenvolverá uma ferramenta que utiliza o mesmo processo para identificar imagens alteradas.
Tudo isso, porém, ainda é uma ideia. A proposta foi apresentada na CVPR 2018 (Conference on Computer Vision and Pattern Recognition) este mês. No evento, a Adobe afirmou que o aprendizado automatizado das máquinas pode trazer o avanço necessário que esse tipo de análise precisa. Mesmo mostrando interesse, não há protótipo comercial nenhum da ferramenta, apenas o projeto de pesquisa.
Um porta-voz respondeu ao The Verge que a empresa espera desenvolver uma tecnologia que ajude a monitorar e verificar a autenticidade de mídias digitais. Para isso, seus especialistas tem utilizado banco de dados com imagens alteradas. É basicamente o mesmo procedimento de aprendizado feito em casos semelhantes: estudando uma soma de padrões para o desenvolvimento do AI.
ALÉM DA FAKE NEWS
A identificação dessas imagens geralmente acontece por três caminhos: “splicing” (duas partes da imagem são combinadas), clonagem (um elemento existente é repetido) ou remoção (objeto totalmente editado). Com o AI, peritos afirmam que essa análise pode se expandir e fugir das abordagens comuns, encontrando detalhes que hoje passam imperceptíveis. Essa vantagem só não é maior porque as tecnologias “do adversário” são muito avançadas, como as deepfakes.
Por enquanto, a ferramenta da Adobe seria ineficiente para esses casos. Sua probabilidade de detectar inconsistências na geometria e sombras de vídeos, por exemplo, não ajudaria a barrar a crescente produção de vídeos fakes de celebridades.
Apesar de toda a desconfiança por trás da inteligência artificial, talvez os problemas tornem-se maiores do que a ficção científica prevê. Falsificações digitais podem se desenvolver em verdadeiras dores de cabeça para usuários e governo, e a ajuda da revolução das máquinas nesse caso é bem-vinda.