Elon Musk pondera fechar o capital da Tesla no Twitter e ações da empresa supervalorizam
Empresário comentou “casualmente” a possibilidade de efetivar a medida a 420 dólares a ação poucas horas depois de sair a notícia de que a Arábia Saudita estaria aumentando sua participação no controle da fabricante
Elon Musk segue polemizando pelas redes sociais. Quase um mês depois do fiasco publicitário que foi sua tentativa de ajudar as autoridades no resgate da Tailândia, o empresário multibilionário resolveu ponderar no Twitter sobre a possibilidade de tornar a Tesla uma empresa privada – ou seja, de tirar a fabricante do mercado de ações. A medida, claro, fez as ações da companhia saltarem a valores astronômicos em menos de duas horas.
O que causou todo o alvoroço, no caso, foram os dois tuítes abaixo. Pouco tempo depois das ações da Tesla terem disparado na bolsa de valores por conta da notícia de que o fundo de riqueza público da Arábia Saúdita tinha adquirido entre 3% e 5% da empresa automobilística, Musk escreveu na plataforma que estava “considerando fechar o capital da Tesla” por 420 dólares cada parte, garantindo que haveria tanto fundos para cobrir todas as compras de ações quanto a possibilidade dos acionistas atuais participarem do negócio.
Shareholders could either to sell at 420 or hold shares & go private
— Elon Musk (@elonmusk) August 7, 2018
A mera ideia da Tesla deixar de ser capitalizada, junto da garantia do empresário que o pagamento das ações compradas seria feito, levou o mercado à loucura. Já em alta por conta da aproximação árabe da empresa, as ações da fabricante tiveram sofreram um aumento de 7,39% antes de terem seu câmbio suspenso pelos reguladores, deixando o valor da Tesla na marca dos 82 bilhões de dólares. No momento da publicação desta notícia, uma ação da companhia valia 367,25 dólares no mercado.
Com o efeito do comentário do empresário nas redes afetando de forma extremamente positiva os rumos de sua empresa, não sobraram questões sobre como esse pagamento prometido por Musk se daria exatamente no mercado. Além de contrair uma dívida de 8,8 bilhões de dólares caso todos os acionistas decidissem vender suas participações na Tesla, o CEO precisaria de um fundo de mais de 50 bilhões de dólares para comprar imediatamente estas ações, um valor que soa absurdo até para seus padrões. Caso isso se confirmasse, a saída da Tesla do mercado também seria o maior caso do tipo na História do mercado financeiro, superando com tranquilidade a compra massiva da companhia elétrica TXU em 2007 e seu fundo de 45 bilhões usado para efetivar o negócio.
[ATUALIZAÇÃO: 17h11] Poucas horas depois do caos gerado pelos tweets, Musk emitiu um comunicado oficial a todos os funcionários da Tesla que foi republicado no site oficial da empresa, justificando o porquê dele querer privatizar a fabricante. Além de esclarecer que o seu plano não é o de promover a fusão entre a Tesla e o SpaceX (companhia que ele também comanda), o CEO afirma no texto que quer prevenir a empresa da possibilidade de ter seus caminhos prejudicados por terceiros e deixá-la focada “em sua missão a longo prazo”. Musk também declara no “memorando” que ele atualmente é dono de 20% da Tesla e não pretende “acumular poder” caso qualquer acordo do tipo seja feito nos próximos tempos. Você pode ler o comunicado na íntegra (e em inglês) aqui. [FIM DA ATUALIZAÇÃO]
Independente da veracidade da “oportunidade” criada por Musk, o comentário é mais um caso para o debate contínuo sobre a realidade da força de seu poder midiático e, mais exatamente, o quanto disso é só gerado por suas participações nas redes sociais – um tema que inclusive já foi pauta do Braincast.