Facebook inaugura “war room” de combate às fake news, mas pouco sabemos sobre sua real eficácia
Sala parece promissora, mas continuamos ouvindo da empresa explicações rasas sobre trabalho automatizado enquanto o caos só aumenta
O jornal inglês The Guardian conheceu a nova “war room” que o Facebook inaugurou como sendo mais um de seus esforços no combate às fake news. Mas, mesmo com a visita de grandes mídias, não está claro qual será a real eficácia do projeto.
Desde 2016, o Facebook tem intensificado suas ações voltadas para o combate de notícias e informações falsas, principalmente as de âmbito político. Mas, como bem temos acompanhado, parece que esses esforços ainda são um tanto insignificantes, e em grande parte focados na questão dos anúncios na plataforma.
O novo espaço do Facebook fica em sua sede, em Menlo Park, e conta com engenheiros, cientistas de dados, investigadores e outros especialistas que integravam 20 equipes diferentes na empresa e agora colaboram recentemente na chamada “sala de guerra”, termo muito utilizado em campanhas políticas. Mas qual é o projeto que corre ali dentro, quais ações são colocadas em prática para diminuir a propagação de desinformação, nada disso foi explicado.
A coletiva de imprensa forneceu informações mínimas sobre as estratégias e impactos específicos do Facebook quando se trata de combater às fake news, ainda que a empresa “esteja ansiosa” para demonstrar publicamente que está levando a sério esse assunto.
A novidade também é lançada pouco tempo antes das próximas eleições nos Estados Unidos, que acontecerão no próximo dia 06 de novembro para renovar (ou não) o congresso norte-americano. Ainda assim, a sala parece ser uma ferramenta que pensa mais na próxima eleição presidencial do país, em 2020, que na atual.
O problema em relação às fake news não é novo e é sério, atingindo principalmente Facebook e WhatsApp. Na Índia, notícias falsas levaram à violência e linchamentos. Em Mianmar, uma explosão de fake news mesclada a muito discurso tem contribuindo para o genocídio de membros da minoria muçulmana rohingya. Nos Estados Unidos, as mentiras são propagadas principalmente por grupos americanos de ódio e ativistas de extrema direita.
No Brasil o caos não é menor. Uma das poucas informações reveladas pelo Facebook sobre sua “war room”, por exemplo, trata-se da eliminação da circulação de uma notícia de que o segundo turno das eleições havia mudado a data. O Facebook, inclusive, chama a nossa atual situação de “desinformação desenfreada”.
Um estudo destacado pelo The Guardian aponta que de 50 imagens políticas mais amplamente compartilhadas no WhatsApp no período que antecedeu a eleição no Brasil, apenas 8% foram consideradas totalmente verdadeiras, com o restante sendo falsas, enganosas ou infundadas. Houve também um problema crescente de vídeos noticiosos falsos, que não enfrentam o mesmo escrutínio dos artigos.
Perguntada como o Facebook tem medido o sucesso da checagem dos fatos e se a empresa tem novos dados sobre sua eficácia, Katie Harbath, Diretora de Política Global e Divulgação do Facebook disse ao Guardian que essa é “uma peça do quebra-cabeça” e citou “trabalho automatizado”. Continuamos na mesma!