Relatório mostra que a liberdade na internet continua a diminuir no mundo todo
Freedom House aponta pelo oitavo ano consecutivo que governos estão controlando cada vez mais os dados dos internautas
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Um novo relatório da think tank Freedom House mostra que o autoritarismo digital está em ascensão no mundo todo. Segundo o documento, os governos estão buscando mais controle sobre os dados dos usuários, ao mesmo tempo em que usam leis nominalmente destinadas a lidar com fake news para suprimir a dissidência.
Esse é o oitavo ano consecutivo em que a Freedom House encontrou um declínio nas liberdades online em todo o mundo.
Segundo Mike Abramowitz, presidente da Freedom House:
“O claro tema emergente neste relatório é o crescente reconhecimento de que a internet, antes vista como uma tecnologia libertadora, está sendo usada cada vez mais para desestruturar democracias em oposição às ditaduras desestabilizadoras. A propaganda e a desinformação estão cada vez mais envenenando a esfera digital, e autoritários e populistas estão usando a luta contra notícias falsas como pretexto para prender jornalistas proeminentes e críticos de mídia social, muitas vezes por meio de leis que criminalizam a disseminação de informações falsas.”
Nos Estados Unidos, a liberdade na internet declinou em 2018 devido à revogação das regras de neutralidade da rede pela Federal Communications Commission. Mas outros países se saíram muito pior: 17 dos 65 países pesquisados adotaram leis que restringem a mídia online.
Entre os dados interessantes:
- Mais países também estão aceitando treinamento e tecnologia da China, o que a Freedom House descreve como “um esforço para exportar um sistema de censura e vigilância em todo o mundo”.
- Os governos em 18 países aumentaram a vigilância do estado entre junho de 2017 e agora, com 15 deles considerando novas leis de “proteção de dados”, que podem exigir que as empresas armazenem dados de usuários localmente e potencialmente facilitem o acesso dos governos.
- Governos de 32 países usaram comentaristas pagos, bots e trolls em um esforço para manipular conversas online. O WhatsApp e outros aplicativos de mensagens estão se tornando alvos mais populares de manipulação, escrevem os autores.
O relatório também critica a fora como o Sri Lanka e a Índia “resolvem” seus problemas com a internet. Frequentemente os países limitam ou até mesmo cortam o acesso da população à internet em resposta à eclosão de conflitos étnicos e religiosos. Nos dois países aconteceram casos de assassinados fomentados por mentiras espalhadas pelas redes sociais.
“Cortar o serviço de internet é uma resposta draconiana, particularmente em um momento em que os cidadãos precisam de mais, seja para dissipar rumores, fazer check-in com entes queridos ou evitar áreas perigosas”, disse Adrian Shahbaz, diretor de pesquisa de tecnologia e democracia da Freedom House. “Embora o conteúdo deliberadamente falsificado seja um problema genuíno, alguns governos estão usando cada vez mais as fake news como uma pretensão de consolidar seu controle sobre a informação e suprimir a dissidência.”
Como nem sempre tudo é negativo, o documento também ressalta que o uso das redes sociais, aplicativos de comunicação e serviços de transmissão ao vivo foram ferramentas indispensáveis para os cidadãos armênios em sua revolução pacífica no início do ano. O movimento contra a corrupção e o nepotismo resultou na eleição do líder da oposição, Nikol Pashinyan, como primeiro-ministro do país.
Outro é o destaque foi libertação de blogueiros e ativistas na Etiópia, sob a promessa do novo primeiro-ministro do país de aliviar as restrições à comunicação online.
Você pode conferir o relatório completo aqui.