Wired Festival faz programação focada em debate sobre futuro sustentável e automatizado
Evento que acontece no Rio de Janeiro nos dias 31 de novembro e 1° de dezembro se preocupa em falar de presente e futuro
Nada poderia ser mais preciso para definir o Wired Festival quanto o slogan “o futuro do homem e o homem do futuro”. O festival, que está em sua quarta edição no Brasil, tem um conjunto de atrações e palestras que atraem inicialmente por ser uma janela para o futuro da tecnologia, mas fisgam mesmo por ajudar a compreender melhor os rumos de uma sociedade diretamente influenciada pela tecnologia. Sustentabilidade, alimentação, relações sociais, trabalho e saúde são alguns dos muitos temas pelos quais os palestrantes versam no evento.
O Wired Festival ocorre nos dias 30 de novembro e 1 de dezembro, na Casa França-Brasil no centro do Rio de Janeiro. O B9 esteve lá e contamos neste texto um pouquinho da nossa experiência.
Meio ambiente e sustentabilidade observados sob ótica tecnológica
Uma das maiores preocupações da humanidade no atual século são as questões ambientais. No Wired Festival, o tema esteve presente de diversas formas. No prédio principal da Casa França-Brasil, por exemplo, há a exposição Michelin Ouro Verde Bahia, que traz quinze obras do fotógrafo Fabiano Veneza que mostram a combinação entre desenvolvimento socioeconômico, sustentabilidade e preservação ambiental.
O tema sustentabilidade também se faz presente em palestras. Em uma das apresentações do Wired, Mariana Vasconcelos, Rodrigo Meyer e Patrick Assumpção falaram sobre o futuro da alimentação mostrando como a tecnologia aprimorará o sistema de colheitas e distribuição de alimentos nas próximas décadas, além de prevenir doenças e otimizar a produção alimentícia.
É válido destacar que todos os temas tratados no festival parecem bem amarrados, já que todos possuem a tecnologia ou a criatividade como uma ferramenta de conexão do presente com o futuro. Não há sequer uma palestra ou atração que pareça um pouco deslocada ou mal encaixada.
O futuro do trabalho, algoritmos e tecnologia
O grande protagonista do Wired Festival é a tecnologia. Os estandes com apresentações de drones e os patinetes da ação da Petrobras aparecem entre as atrações da área externa, e a modernidade e os mais recentes avanços tecnológicos estão na pauta de todas as palestras do auditório principal.
Alexandre Chiavegatto, por exemplo, falou sobre o uso de algoritmos para prevenir doenças e mortalidade. O economista, pesquisador e professor da faculdade de saúde pública da USP acredita que o aprendizado autônomo e os algoritmos serão capazes de mapear o organismo humano para antecipar suas transformações.
Temas como a automação do trabalho e o fim do ciclo de empresas também foram discutidos por palestrantes como Rogerio Oliveira, que acredita que as transformações existentes no mercado empresarial e publicitário são um processo comum diante das mudanças da sociedade. O mais interessante é o fato de o evento conseguir reunir um grupo de palestrantes que mesmo falando sobre temas diversos consiga manter um mesmo fio, que é o olhar para o futuro e suas tendências socioculturais.
Beneficiado por uma organização elogiável, o Wired Festival tem como maior destaque o fato de trazer para o Rio de Janeiro discussões que não são raras no Brasil se não no meio acadêmico. Enquanto assuntos como a comercialização de carros autônomos ainda é algo pouco falado no nosso país, na Califórnia o Estado já permitiu testes com veículos independentes nas vias da região.
Ir a um evento como o Wired Festival é, então, um prato cheio para o público que busca manter-se informado das tendências do futuro. É uma chance de conhecer um pouco mais do trabalho e da visão de mundo de profissionais como Fabio Coelho, Presidente do Google Brasil que falou, em sua palestra, sobre como acredita que a tecnologia, futuramente, não substituirá, mas auxiliará o trabalhador.
Interessante também é perceber como não há apenas palestras focadas nos benefícios da relação entre humanidade e tecnologia. A apresentação de James Dahlman, por exemplo, falou sobre os perigos do CRISPR, uma ferramenta de edição genética que traz óbvios problemas éticos. Além disso, o fato de o evento também fazer questão de levar palestrantes que falem sobre trabalhos sociais ou que deem voz a partes da sociedade que costumam ser ignoradas ou encontram pouco espaço na mídia – como Renê Silva, do Voz da Comunidade, ou o vlogger Spartakus – é algo imprescindível para que o Wired seja um evento que olhe para o futuro sem esquecer do presente.
Temos, então, um bem realizado evento que consegue abranger diversos aspectos socioculturais com um mesmo alicerce: a relação humana com a tecnologia. Como as máquinas podem nos auxiliar, substituir, beneficiar e, em casos extremos, prejudicar. Como a tecnologia pode nos ajudar a melhor compreender o presente e nos preparar para o futuro.