CEO da Marvel admite erro com whitewashing em “Doutor Estranho”
Estúdio hoje tenta compensar erros dando espaço para histórias e artistas mais diversos
Quando “Doutor Estranho” foi anunciado, muito se reclamou do fato de o personagem Ancião, que nos quadrinhos sempre foi tibetano, ser interpretado por Tilda Swinton. Não que a prática do whitewashing (colocar atores brancos para interpretar personagens de outras etnias) fosse novidade no cinema, mas quando um filme da Marvel Studios o faz, a repercussão é maior. Cinco anos depois, o CEO da empresa admite que o embranquecimento do personagem não foi uma boa escolha.
Em uma entrevista ao Men’s Health, Kevin Feige admitiu que ele e o resto do estúdio acreditavam estar tomando a escolha certa ao escalar Swinton, mas que o objetivo era fugir de estereótipos raciais no filme. “Nós achávamos que estávamos sendo espertos. Não queríamos retratar o clichê do asiático sábio, enrugado e velho. Mas foi um alerta para nós: há alguma maneira de resolver o dilema? Existe uma forma de não ser clichê e escalar um ator asiático? E a resposta para isso, claro, é sim”, disse o executivo.
Meia década depois, a Marvel parece ter aprendido a lição, e tem dado espaço para artistas e histórias diversas em seu universo audiovisual. De lá para cá, por exemplo, tivemos “Pantera Negra”, maior blockbuster dirigido por um negro (Ryan Coogler) na história, que também é protagonizado e possui um elenco majoritariamente negro. Além disso, “Capitã Marvel”, co-dirigido por Anna Boden e Ryan Fleck, também foi um sucesso.
Agora, o estúdio da Disney trabalha para expandir a representatividade em seus filmes. Em setembro, “Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis” será o primeiro filme do estúdio protagonizado (Simu Liu) e dirigido (Destin Cretton) por um ásio-americano. Não pode ser esquecida na equação, claro, a importância do mercado asiático para a bilheteria dos filmes do MCU, o que também incentiva Feige e a Marvel a se preocuparem mais com inclusão e representatividade de artistas asiáticos na franquia.
O problema, claro, não se resume à Marvel, e é histórico no cinema americano. A própria Academia tem tentado ser mais inclusiva no Oscar (a última vencedora do prêmio de Melhor Diretora, por exemplo, foi a chinesa Chloé Zhao, por “Nomadland”).