Microsoft se nega a ceder sistema de reconhecimento facial para a polícia dos EUA
Preocupação da empresa é com uma possível quebra dos direitos humanos, já que tecnologia pode estar viciada
Os sistemas de reconhecimento facial estão cada vez mais avançados. Há desde os sistemas mais simples, como os utilizados por smartphones para desbloquear os aparelhos ao identificar o rosto cadastrado pelo usuário, até os mais complexos, desenvolvidos para identificar, por câmeras de segurança, pessoas em quaisquer lugares, públicos ou privados.
Por todo o mundo, a tecnologia já começa a ser testada ativamente. No Japão, foi confirmado em agosto de 2018 que o governo utilizaria reconhecimento facial durante os Jogos Olímpicos de 2020. Também em 2018, a polícia britânica começou testes com seu sistema durante o Natal, aproveitando o crescimento de fluxo de pessoas nas cidades inglesas.
Nos Estados Unidos, a ideia ainda encontra maior resistência. A Microsoft, uma das gigantes tecnológicas do planeta, possui um sistema avançado, e as forças policiais americanas há muito insistem para que eles cedam a ferramenta para que seja utilizada por agentes de segurança. Após alguma espera, a Microsoft se posicionou e recusou ceder a tecnologia.
Segundo o The Verge, durante uma palestra em uma universidade, o presidente da Microsoft, Brad Smith, expressou seus temores ao dizer que a tecnologia poderia afetar mulheres e minorias de forma desproporcional. Pesquisas recentes mostram que o reconhecimento facial é testado prioritariamente em rostos brancos e masculinos, e que possui uma alta taxa de erros para outros indivíduos.
O fato de a tecnologia poder estar “viciada” e sujeita a segregação por raça e gênero é um enorme perigo para a manutenção de direitos humanos, já que a possibilidade de minorias serem diretamente afetadas e perseguidas em virtude de erros da ferramenta é real. “Essa tecnologia não é a resposta” disse categoricamente Smith no evento.
Apesar de se negar a entregar a tecnologia para a polícia, a Microsoft já cooperou anteriormente com as autoridades, quando cedeu a tecnologia a um presídio. Na época, a Microsoft se defendeu dizendo que o uso seria em um espaço limitado e que a ferramenta ajudaria a manter o lugar em segurança.