Novo presidente da Academia, David Rubin é sinal de esperança para o Oscar
Embora seja outro homem branco na presidência, Rubin é o 1° diretor de casting a assumir o cargo e há anos advoca por diversidade na organização
A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas anunciou no fim da noite de ontem (6) que David Rubin é o novo presidente da entidade. 35° nome a assumir o cargo, o diretor de casting foi escolhido depois de uma reunião dos governadores que lideram os 54 braços da entidade, cuja decisão veio por meio de uma votação eletrônica.
Conhecido por seu trabalho em filmes como “Silkwood”, “Amadeus” e a minissérie “Big Little Lies”, Rubin será o primeiro profissional de sua área a assumir a presidência da Academia, mas seu envolvimento com a administração da organização que cuida do Oscar já possui algum histórico. Eleito para o comitê pela primeira vez em 2013 como parte do então novo braço da instituição dedicado a diretores de casting, ele até sua promoção atuava como secretário da liderança da Academia desde 2016, tendo trabalhado na transição do mandato de Cheryl Boone Isaacs para o de John Bailey em 2017. Além disso, Rubin foi um dos principais nomes na eleição para presidente que colocou Bailey no cargo, especialmente depois de Laura Dern (a então opção da CEO Dawn Hudson) negar interesse em comandar a entidade e apoiar sua candidatura.
É exatamente este seu envolvimento recorrente nos caminhos da organização que parecem torná-lo no nome ideal para assumir o cargo num momento tão instável do Oscar. Ainda que seja outro homem branco a assumir o posto, Rubin já fazia campanha para aumentar a diversidade de membros da Academia desde muito antes das medidas de expansão agressiva dos votantes que foram aplicadas na premiação nos últimos anos, advocando em especial pela entrada de representantes de todos os níveis criativos que sustenta Hollywood hoje – é por conta do lobby de Rubin, inclusive, que o Governors Awards concedeu em 2016 o primeiro Oscar honorário a um diretor de casting, no caso seu mentor Lynn Stalmaster.
O fato do novo presidente representar um braço menor da Academia também é um ponto que leva sua escolha a ser vista com otimismo entre os membros da entidade, especialmente depois de um ano onde o Oscar ensaiou jogar para os comerciais diversas categorias “menores” para reduzir o tempo de sua transmissão. Embora a criação de novas categorias que contemplem outros setores da indústria seja hoje bastante improvável dado o cenário de queda da audiência da premiação, a expectativa sobre Rubin é de que ele pelo menos faça o contrário de Bailey e lute pelas estatuetas menos populares da cerimônia nos corredores da Academia.
O grande desafio do novo presidente, porém, será mesmo o museu da organização, que está próxima de terminar suas obras a tempo de uma inauguração no começo de 2020. O problema, de acordo com o Hollywood Reporter, é que o Academy Museum of Motion Pictures já estourou há tempos seu orçamento e periga passar por novos adiamentos, em especial depois do diretor do projeto Kerry Brougher ter deixado o posto no começo da semana – e caberá a Rubin liderar a procura por um substituto à altura do primeiro curador.
A boa notícia, claro, é que o novo presidente herda uma Academia em plena expansão em seu corpo de membros. Graças ao trabalhos das administrações de Boone Isaacs e Bailey, a entidade nos últimos anos aumentou drasticamente a diversidade de seus integrantes, incluindo aí este ano cuja leva de convites para integrar a organização incluiu 842 artistas e executivos de 59 países, sendo que 50% eram mulheres.
A 92° edição do Oscar acontece no dia 9 de fevereiro de 2020.