A xícara de café estava lá ou não?
Assim como a maioria das pessoas, quando vi o trailer criei uma boa expectativa com “Os Esquecidos”. Trailer esse que nos prometia a “produção mais surpreendente desde O Sexto Sentido”.
Mas também achei pretensão demais, porque “O Sexto Sentido” é um clássico e tem que ser colocado em um pedestal livre de comparações (Viva Shyamalan!). Mas tudo bem, vamos assistir, quem sabe eu não mordo a língua.
Porém, com tanta gente achincalhando o filme do diretor Joseph Ruben, logo acendi a luz amarela. Definições que iam de “rídiculo” a “filme B” me fizeram quase deixar para conferir “Os Esquecidos” somente daqui alguns meses, quando estivesse nas locadoras.
Mas não. Não fui vencido por uma horda de críticos cri-cri que só gostam de filmes iranianos e dão 5 estrelas mesmo dormindo durante a sessão (será que a Folha vai cancelar minha assinatura?). Eu insisti e fui ao cinema, porque, ao contrário desses mesmos críticos, eu não assisto filmes de países que não tem água encanada! :p
E quer saber? Me dei muitíssimo bem, porque adorei “Os Esquecidos”. O maior problema desse incompreendido filme, é que ele faz as pessoas acharem que é uma coisa, mas é outra coisa. Sacou? Vou explicar.
Na primeira e ótima meia-hora, tudo é muito promissor. Parece que vai ser um thriller psicológico de tirar o folêgo, com discussões em torno da loucura (ou não) de Telly Paretta para ter seu filho de volta. Aliás, Julianne Moore mais uma vez dá um show no papel de mulher sofrida.
Algumas revelações vão tornando o suspense ainda maior, e quem assiste fica curioso para saber como diretor e roteirista irão resolver todas as questões que aparecem na tela.
Aí acaba a parte que todo mundo gostou e começam as revelações. Claro, não é nada de surpreendente e a história de abdução poderia tornar a trama boba, mas a forma como o segundo ato do filme é conduzido me impressionou.
Aliás, fazia tempo que eu não pulava da cadeira no cinema. Sabe susto de verdade? Aquele que o seu coração dispara e você pressiona suas costas contra a cadeira num movimento involuntário? Então, em “Os Esquecidos” isso acontece umas quatro vezes. A começar pela sensacional cena do acidente de carro. Que sacada!
Não considero a tal “revelação” o aspecto mais importante de “Os Esquecidos”. O melhor vem depois disso.
As explicações poderiam soar absurdas e bobas, mas não em um filme de ficção científica. Mesmo partindo para terrenos que vão além do que conhecemos como “real”, o diretor soube manter o tom, nunca estereotipando seres e situações.
E isso, no meu ver, foi um dos grandes trunfos do desfecho de “Os Esquecidos”. Que mesmo não apelando para velhas fórmulas do genêro, conseguiu criar momentos assustadores e me deixou curioso para saber um pouco mais “deles”.
Um dos pontos ruins do filme foi o exagero nas cenas de perseguição, tempo esse que poderia ser usado para criar novas situações criativas ou potencializar o clima de tensão existente sem precisar colocar pessoas correndo uma atrás das outras.
Vá assistir “Os Esquecidos” como um filme de ficção, abra a cabeça e aceite as propostas. Quem for ao cinema esperando explicações estapafúdias de psicólogos chatos, realmente pode se decepcionar.
Não é um filme que se tornará uma referência do genero, mas com certeza rende 1 hora e meia de bom cinema e diversos momentos criativos.
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