Fabricantes de bebidas alcoólicas começam a mirar na Cannabis para se adaptar ao mercado
Projeções mostram que o consumo de álcool diminui à medida que o acesso à maconha se expande - e as empresas já estão se preparando para isso
A empresa Diageo Plc, maior fabricante de destilados do mundo, está negociando com uma empresa canadense de Cannabis, a fim de criar bebidas com base na erva.
Segundo o BNN Bloomberg, a Diageo – que vende bebidas como Guinness, Smirnoff e Johnnie Walker – se recusou a dar detalhes sobre a negociação, mas em julho desse ano, Dan Mobley, diretor de relações corporativas da empresa, disse que eles estão acompanhando o setor de Cannabis na América do Norte: “Estamos monitorando de perto e vendo como o mercado está evoluindo. Alguns Estados [americanos] são mais avançados que outros, mas o comércio legal de cannabis está tomando parte do comércio ilegal”, analisou
O novo mercado tem chamado a atenção dessas grandes empresas como um reflexo da legalização da maconha em diversos países e da crescente diminuição do consumo de álcool. A Diageo, por exemplo, registrou um declínio de 1% no crescimento de volume em 2018, em comparação com o ano anterior, enquanto as vendas subiram 2%, de acordo com seus resultados anuais mais recentes. Na América do Norte, o segundo maior mercado da empresa depois da região da Ásia-Pacífico, o crescimento de volume aumentou 2% em 2018, enquanto as vendas totais caíram 1%.
A Diageo não está sozinha nessa empreitada. Outras empresas como a cervejaria Molson Coors Brewing Company e a Constellation Brands Inc já apresentam projetos parecidos. No início de agosto, a Molson Coors anunciou que a formação de uma equipe integrada com a Hydropothecary Corp., empresa produtora e distribuidora de maconha para fins medicinais. O objetivo da parceria é desenvolver bebidas infundidas com Cannabis.
Enquanto isso, a Constellation Brands aumentou sua participação na Canopy Growth Corp., anunciando que faria um investimento de US$ 5 bilhões, o que dá ao produtor de álcool uma participação de quase 40% no maior produtor licenciado de Cannabis do Canadá.
As previsões para esse mercado são das melhores. Espera-se que a maconha gere US$ 75 bilhões em vendas globais até 2030. Enquanto o consumo de maconha tende a aumentar, as projeções para o consumo de bebidas alcoólicas são de um significativo declínio, de acordo com um relatório recente da Nova York Cowen and Company LLC. “À medida que o acesso à maconha se expande, esperamos mais pressão sobre as vendas de álcool, dada essa notável divisão nos padrões de consumo”, explica Vivien Azer, analista sênior da empresa.
E é mirando nesse cenário futuro que o Canadá se prepara para ser um grande centro de distribuição mundial de Cannabis. O país tem construindo algumas das maiores instalações do mundo, então é natural que as grandes empresas procurem o país para essas negociações.