Pesquisa da Ipsos aponta que 55% dos brasileiros apoiam casamento civil entre pessoas do mesmo sexo
Levantamento também expôs algumas opiniões contraditórias de brasileiros no que diz respeito à comunidade LGBTQIA+
Para o Mês do Orgulho LGBTQIA+, a Ipsos realizou uma pesquisa com entrevistados de 27 países, sendo mil brasileiros, e traz insights sobre como a comunidade LGBTQIA+ é vista e aceita na sociedade. Um dos pontos abordados no levantamento foi o casamento. No Brasil, 55% dos respondentes disseram apoiar que pessoas do mesmo sexo se casem. Por outro lado, 18% se mostraram contrários ao enlace legal; 14% são a favor de que haja algum tipo de reconhecimento por lei, mas não um casamento; e 14% não souberam responder.
Os dados do Brasil são alinhados com a média global – com 54% dos respondentes a favor do casamento de pessoas do mesmo sexo e 16% a favor de algum reconhecimento legal – mas bem inferiores aos dados de países como Suécia, Holanda, Espanha e Bélgica, onde os entrevistados mostram um apoio à união de pessoas do mesmo sexo através do casamento ou de outro dispositivo legal igual ou superior a 84%.
De 27 nações pesquisadas, o Brasil é a 12ª que menos endossa o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. No entanto, o estudo mostrou que 15% dos entrevistados no país não se consideram heterossexuais. É o segundo maior percentual apresentando, atrás apenas da Índia (17%). Em terceiro lugar está a Espanha, com um total de 12% de pessoas que se consideram homossexuais, bissexuais, pansexuais, assexuais ou outros. A média global, levando em conta todos os países, é de 9%.
Globalmente, o perfil LGBTQIA+ é majoritariamente formado por homens, membros da geração Z e não casados. Já aqueles que apoiam o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo são, em sua maioria, mulheres da geração Z, LGBTQIA+, pessoas não casadas e com nível de escolaridade mais alto.
O Brasil é o país, de todos os analisados, onde há maior exposição à comunidade LGBTQIA+. 66% dos entrevistados afirmaram ter um amigo, familiar ou colega de trabalho homossexual e 50% disseram ter um amigo, familiar ou colega de trabalho bissexual. Na média global, menos da metade (42%) disseram conviver com uma pessoa homossexual e apenas 24% afirmaram conviver com alguém bissexual.
Outro assunto discutido no levantamento foi a adoção de crianças por casais do mesmo sexo. Entre os brasileiros, sete em cada 10 (69%) acreditam que pais LGBTQIA+ devem ter os mesmos direitos de adotar que casais heterossexuais possuem. Além disso, 69% acham que casais do mesmo sexo são tão aptos quanto outros pais a criar filhos com sucesso. Em ambos os casos, o percentual de discordantes é de 25%.
A pesquisa da Ipsos expôs algumas opiniões contraditórias de brasileiros no que diz respeito à comunidade LGBTQIA+. Apesar de 55% dos entrevistados no Brasil opinarem que pessoas LGBTQIA+ devem ser abertas com todos sobre sua orientação sexual ou identidade de gênero, apenas 42% apoiam que esses casais demonstrem afeto em público, como dar as mãos ou um beijo.
A ambivalência se estende ao esporte. 60% concordam que atletas abertamente lésbicas, gays e bissexuais estejam em equipes esportivas, mas só 40% acham que atletas transgêneros devam competir com base no gênero com o qual se identificam, e não no gênero que lhes foi atribuído ao nascimento.
“O reconhecimento de sexualidades ou identidades de gênero diferentes da sua não condiz sempre com a aceitação de comportamentos e a conquista de direitos dos outros. É somente com o esforço da atuação pública – empresas, governo e sociedade – que esse reconhecimento começa a ser normalizado. Já enxergamos sinais positivos, com mais pessoas se sentindo livres para se assumirem publicamente, através de uma história de luta e afirmação, mas o espaço precisa ser dado”, comenta Marcio Aguiar, Gerente de Pesquisas Qualitativas na Ipsos.
A pesquisa on-line foi realizada com 19.069 entrevistados de 27 países, com idades entre 16 e 74 anos. Os dados foram colhidos entre 23 de abril e 07 de maio de 2021 e a margem de erro para o Brasil é de 3,5 pontos percentuais. O conteúdo completo do estudo pode ser baixado aqui.