“BBB20” e o espírito do tempo digital
Como a decisão de incluir influenciadores digitais e inserir temas sociais do momento ajudou o reality show da Globo a encontrar nova vida nas redes sociais
Em 15 dias, a atual edição do “BBB” já superou, em volume de menções (citação em conversas) no Twitter, toda a edição de 2019. A notícia é impactante – e faz pensar.
O formato do conteúdo segue praticamente o mesmo. Mudanças estéticas, narrativas e condicionais aparecem aqui e ali para surpreender participantes e telespectadores. Mas a grande sacada do Boninho, desta vez, parece ter sido a busca por conectar a edição atual do seu produto/marca com o zeitgeist.
Parte do que compõe o “espírito do tempo” atual passa pela sociedade hiperconectada e tangida, como massa, pelos gostos, opiniões, estéticas e padrões dos influenciadores digitais – Boninho decide que, tal qual um Carnaval de Salvador, o “BBB20” será dividido em turma da pipoca e convidados do camarote. Convidados esses influenciadores e conhecidos da ‘galera da internet’.
Mas trazer famosos para garantir que seu séquito de seguidores seja integrado à audiência do programa não é exatamente uma garantia de sucesso e reverberação entre o público. Muito menos de se tornar “o assunto” das semanas, como algumas edições do “BBB” já foram capazes de se tornar.
E aí, vem a possível genialidade da produção deste ano. Parte significativa dos debates polêmicos, que rendem de “thread-aulas” a bate bocas digitais, são os temas sociais da vez: o empoderamento feminino, a luta contra o machismo, o racismo estrutural do brasileiro, a possível xenofobia de oportunidade… Aí, meu caro, não haveria como não trazer o público – e toda a lacração possível – para perto do programa por meio da segunda tela. Ou devemos achar que os polos opostos tão bem selecionados foram mera obra do acaso?
O #BBB20 tem apenas duas semanas no ar. E com apenas duas semanas, já conseguiu emplacar uma ‘final de copa do mundo’ das mesas de boteco às redes sociais do brasileiro.
Aos mais interessados no tema, há também o fator Manu Gavassi, que foi muito bem analisado aqui.