Cirurgião é acusado de tentar vender como NFT um raio-X de vítima do ataque ao Bataclan
Emmanuel Masmejean foi responsável pela cirurgia de cinco mulheres no Hospital Europeu Georges Pompidou em 2015
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Em 13 de novembro de 2015, cerca de 1.500 pessoas estavam assistindo a apresentação da banda de rock americana Eagles of Death Metal no teatro Bataclan, em Paris, quando três homens armados invadiram o local e dispararam contra a multidão. Noventa pessoas morreram, e muitas outras ficaram gravemente feridas.
Neste contexto, Emmanuel Masmejean, cirurgião ortopédico do Hospital Europeu Georges Pompidou, afirma ter operado várias vítimas do ataque, segundo o jornal online francês Mediapart. No entanto, sete anos mais tarde, a carreira de Masmejean está em risco: ele é acusado de tentar vender como NFT uma imagem de raio-X que mostra uma bala alojada no braço de um de seus pacientes após o ataque.
Segundo o Mediapart, o NFT estava disponível para venda por cerca de US$ 2.776 na plataforma OpenSea. O título inserido por Masmejean era “Ataque terrorista do Bataclan – 13 de novembro de 2015 – Paris, França”. Com a imagem, havia uma descrição do cirurgião, que dizia ter operado pessoalmente cinco mulheres vítimas do ataque, incluindo essa cujo braço é mostrado no raio-X, e uma versão arquivada da lista, que já foi removida. O item não aparece mais disponível para venda, mas ainda é possível acessar por esse arquivo.
O Washington Post, que também acompanha o caso, tentou contato com o profissional, mas Masmejean não retornou ao jornal. Porém, ao Mediapart, ele disse que não buscou o consentimento da mulher antes de listar a imagem e reconheceu o erro.
Em um tweet, Martin Hirsch, diretor administrativo da Associação dos Hospitais Públicos de Paris (APHP), disse que pressionaria por sanções e acusações legais contra o médico.
Elodie Abraham, advogada da mulher cuja imagem de raio-X foi colocada à venda, relatou em comunicado ao The Post que sua cliente estava “extremamente chocado”, visto que Masmejean entrou em contato “para se justificar sem mostrar o menor arrependimento, nem a menor empatia por ela”.