Quem tem medo de post pago?
Um dos pontos mais polêmicos quando se fala da relação blogs e anunciantes, é o tal do post patrocinado. Você que tem intimidade com a blogosfera, já deve ter visto dezenas deles, aqui mesmo no Brainstorm #9 já publiquei alguns.
Minha intenção sempre foi manter a transparência com os leitores, colocando no final do post alguma frase que indicasse seu conteúdo patrocinado, comumente chamado de “informe publicitário”. Como diz o nome, um post informativo, não opinativo. Acontece que, como diversos leitores comentaram, não é totalmente transparente indicar tal conteúdo apenas no fim do post.
Durante as últimas semanas esse assunto voltou com tudo, inclusive com uma discussão ontem no painel dos blogueiros no Proxxima 2008. E existem aí diversos aspectos:
1) blogueiros que querem (e merecem) ganhar dinheiro com seu trabalho, mas que ao mesmo tempo não sabem lidar com a relação credibilidade + publicidade;
2) agências e clientes que, com toda essa história de relevância dos blogs, não querem veicular só um banner, querem um post destacado;
3) leitores que acreditam que o blogueiro não deve ganhar dinheiro;
4) blogueiro “mentindo” e perdendo o respeito de seus leitores; entre outras.
Essa polêmica é natural dentro de um mercado tão novo, a verdade é que ninguém sabe como fazer, ninguém ainda encontrou a forma exata de mesclar conteúdo e anunciantes nos blogs, ao mesmo tempo que não prejudica sua credibilidade perante os leitores. E isso não é tão ruim, estamos todos aqui para aprender.
Os blogs ganharam tanta audiência e relevância na internet, que são sim uma mídia. O blogueiro trabalha e se dedica ao blog para oferecer um bom conteúdo, com a linguagem que quiser e dando a sua opinião, e os anunciantes se interessam porque sabem que ali existe o segmento ideal de público que ele procura. Mas, como fazer então?
Comecemos pelo básico: espaço para veiculação de banners no seu blog. Seja em cima, em baixo, do lado, onde for. O bom e velho banner ainda pode ser eficiente e reinventado. Apple e MINI estão aí para não me deixar mentir.
Ok, mas eu falei que muitos anunciantes não querem um banner. Eles pensam: “Se é blog, quero um post”. O que eu penso é: se você quer um post opinativo, que seja elogiando ou criticando, faça algo relevante para mim e para o meu público. Crie algo que gere reações espontâneas, convide para um evento, envie um produto para testes, converse comigo. Se eu achar que vale, que se encaixa no meu conteúdo, vou postar (ou não). O mais importante é as partes saberem que: não existe compromisso.
Discurso bonito, mas nem sempre é assim que funciona, e nem sempre o anunciante está querendo uma opinião sua, ele quer “apenas” informar algo para o seu público, e quer isso no melhor espaço. Na mídia tradiconal, conhecemos isso como intervalo comercial, como anúncio impresso entre as matérias de uma revista. O cara compra o espaço, publica a mensagem que ele quiser, e o leitor sabe que conteúdo é conteúdo, anúncio é anúncio.
Então eu resolvi disponibilizar um formato aos anunciantes interessados no Brainstorm #9 que, ao mesmo tempo que lhes dê a possibilidade de ter algo na principal área do blog, respeite os meus leitores e a mim mesmo. E não estou falando de transposição do que é feito na mídia tradicional para a internet, estou falando de uma área para oferecer conteúdo relevante e interativo.
É o que dei o nome de WidgetAd, um espaço do tamanho de um post (600 pixels de largura), em que o anunciante poderá veicular imagem, texto, flash, advergame, vídeo, aúdio, etc. Sempre identificado.
Exemplo de WidgetAd (imagem, flash, advergame)
Exemplo de WidgetAd (texto)
Eu já sei os contra-argumentos:
1) Tem anunciante que vai pedir post sem identificar que é publicidade, porque acha que os leitores não vão dar atenção ou clicar. A resposta é: sinto muito, se o seu conteúdo não for bom o suficiente para chamar atenção das pessoas, não é o meu post que vai resolver. Eu te ofereço o espaço, o resto é com você.
2) Tem leitor que vai achar um saco, é um anúncio interrompendo o conteúdo. Mas você está no controle, não gostou, pode passar para o próximo. Aliás, controle é algo que está nas suas mãos desde invenção do controle remoto de TV.
Nosso mercado está acostumado a produção em massa, criação de anúncios em série, uma mesma mensagem para todos os tipos de públicos. Quem quer fazer diferente, tenta comprar opinião. Será que só existem essas duas formas? Acredito que não.
Enfim, eu não estou querendo reinventar a roda e nem sugerindo padronizações. É um teste, pode dar certo ou não. Se tem anunciantes interessados e leitores inteligentes, porque não fazer?
Chega de amadorismo nos blogs, dessa discussão lamuriosa sobre posts pagos. É hora de se afirmar como mídia sim, mídia sem que seja necessária uma instituição por trás, uma mídia que é você, que oferece conteúdo de qualidade, que tem uma audiência cativa e, é claro, sem perder a personalidade e vender opinião.