Facebook está conectando todas as pessoas, incluindo terroristas
Ferramenta de sugestão de amigos e ineficácia da moderação da plataforma permitiram que o ISIS estabelecesse uma verdadeira rede de recrutamento na rede social
A missão do Facebook de conectar todas as pessoas do mundo talvez esteja sendo levada a sério demais pela empresa. De acordo com o The Telegraph, a rede social de Mark Zuckerberg teria auxiliado o ISIS a “enriquecer” sua rede de conexões ao apresentar terroristas de diferentes cantos do mundo entre si por meio de sua famosa ferramenta “Pessoas que você talvez conheça”.
A denúncia vem de um grupo de pesquisadores do Counter Extremism Project (Projeto Contra Extremismo, em português), que analisaram a rotina de mais ou menos mil apoiadores da organização terrorista e jihadista nas redes sociais em 96 países. No estudo, que só deve ser publicado no fim deste mês de maio, eles afirmam que muitos simpatizantes da “causa” são frequentemente introduzidos uns aos outros graças à ausência de moderação por parte da equipe do site, que permite que o conteúdo seja publicado e compartilhado na rede independente do material incluso. Estas conexões podem se dar por atos muito simples como a mera pesquisa de figuras dos meios mais extremistas, algo que torna o Facebook em uma ferramenta extremamente útil de propaganda ao ISIS.
“Em seu desejo de conectar o maior número possível de pessoas, o Facebook inadvertidamente criou um sistema que ajuda a conectar extremistas e terroristas” afirma Robert Postings, um dos membros participantes do projeto. Segundo o pesquisador, sua página na plataforma foi inundada de sugestões de perfis de usuários radicais poucas horas depois dele ter clicado e consultado diversas página de notícias anti-extremistas sobre um levante islamita nas Filipinas.
O CEP também divulgou ao jornal outro exemplo grave de como o uso da ferramenta do Facebook pode auxiliar organizações terroristas. O grupo encontrou um usuário estadunidense que em março do ano passado não era sequer muçulmano, mas que depois de ter entrado em contato com um membro indonésio do ISIS no Facebook se tornou um membro radical da organização. A transformação em seis meses se deu porque o “amigo”, depois de uma conversa inicial, começou a bombardear a sua caixa de mensagens com links e textos de propaganda da organização que eram cada vez mais extremos em seu posicionamento, “educando” o usuário no mesmo passo que ele ia curtindo as publicações enviadas.
O Facebook diz estar sempre atento a estas postagens impróprias, mas mesmo nas poucas vezes que esta vigília da plataforma acontece ela é muito pouco eficaz. De acordo com os pesquisadores, dos mil perfis de apoiadores do ISIS analisados menos da metade foram suspensos nos seis meses posteriores ao período de coleta do estudo, além de muitos terem sido reinstalados pela rede social depois do usuário ter questionado os moderadores sobre sua suspensão. Gregory Waters, outro membro do CEP entrevistado, afirma que “O fracasso de um policiamento efetivo na plataforma permitiu que o Facebook se tornasse um lugar onde extensas redes de apoio ao ISIS existem, propagandas são disseminadas, pessoas são radicalizadas e novos apoiadores são recrutados”.