Estudo aponta que bots russos instigam brigas entre americanos que debatem a segurança das vacinas
Mesmas contas de bots russos que foram usadas para se intrometer nas eleições presidenciais dos Estados Unidos enviaram mensagens pró e anti-vacina direcionadas ao público americano
Embora seja inexplicável vermos grupos defendendo o não uso de vacinas em pleno 2018, o debate sobre o tema existe. E segundo um recente monitoramento realizado por pesquisadores da Universidade George Washington no Twitter, as mesmas contas de bots russos que foram usadas para se intrometer nas eleições presidenciais dos Estados Unidos em 2016 também enviaram mensagens pró e anti-vacina direcionadas ao público americano.
Com mensagens como “Não tome #vacinas. Os Illuminati estão por trás disso” e “Você ainda trata seus filhos com folhas? Não? E por quê você não os vacina? É remédio!”, os bots foram programados para insultar tanto os pró quanto os anti-vacina. A única intenção, concluiu o estudo, é aumentar o nível de hostilidade entre os grupos.
Segundo David A. Broniatowski, engenheiro de computação e principal autor do estudo, o mesmo esquema pode ser usado para qualquer debate: armas, aborto, pena de morte… sempre gerando mais brigas e insultos que boas conversas que, efetivamente, levem a algum lugar.
Foram analisados 899 tweets relacionados a vacinas enviados entre meados de 2014 e o final de 2017. Alguns vieram de contas conhecidas por enviar spam, mas a maioria teve origem em trolls russos.
A maioria dos tweets anti-vacina repetia rumores já há muito desacreditados, como sobre as vacinas causarem autismo ou terem quantidades perigosas de mercúrio. Muitos destes tweets também foram projetados para atrair o público a sites de conspiração como o Infowars.
Já os tweets pró-vacina argumentavam que elas salvavam vidas e são obrigatórias. Em comum, grande parte das mensagens tinham um tom provocador e grosseiro, incitando a discórdia. Mais de 250 tweets também tinham a hashtag #VaccinateUS incomum, o que não é comum entre usuários reais. Enquanto os ativistas antivacinação costuma usar tags como #Vaxxed, # b1less ou #CDCWhistleblower, os grupos pró-vacina usam apenas #vaccines.
Tweets com a tag #VaccinateUS, segundo o estudo, foram “identificados exclusivamente com contas de trolls russas ligadas à Internet Research Agency”, uma operação de propaganda vinculada ao Kremlin.