Sobre emocionar a audiência
Por que tanta gente gosta de House, um médico arrogante, suicida e viciado em analgésicos? E Tony Soprano, o mafioso implacável, adúltero e violento, que arrastou multidões pra frente da televisão por anos, todos complacentes com seu cotidiano gangster? Aliás, e o Dexter, como pode ser tao querido? O cara é um serial killer, porra.
Pois é, esses personagens todos tem uma coisa em comum: o flerte com um outro caminho. Eles são tortos, mas acabam ajudando pessoas em suas jornadas acidentadas. O charme deles é o mesmo que Charles Bukowski traz pra seus leitores: um cara que pune quase todos a seu redor, mas que, acima de tudo, castiga a si mesmo, embora seja terno com alguns poucos. Vemos isso nas fobias paranóicas de Soprano, na alcoolização quase suicida de Chinaski, no isolamento de Morgan e na compulsão de não pertencimento do Dr. Greg.
São humanos extremos. São gente da gente, como diria Netinho de Paula, mas superlativizados. Todos buscando um caminho fora das coisas que os destroem, embora elas sejam, no fundo, as viabilizadoras de seus talentos, de sua dedicação muitas vezes inconsequente em suas áreas de atuação. A beira do abismo é muito mais do que uma simples dependência, ela é necessária.
Mas vira e mexe eles flertam com outro caminho, seja devido ao nascimento de um bebê, pela internação no manicômio, o amor ou mesmo pela aparição de patinhos na piscina da mansão.
E essa é uma das funções mais básicas da comunicação, o folclórico caráter “luz no fim do túnel”. Quando alguém fala em emocionar, tem que estar falando disso. Como o vídeo abaixo, Origins, criado por Robert Showalter e elencado pelo staff de nosso querido Vimeo.