Informação: Arquitetura também é um veículo
Buckminster Füller (1895-1983) – arquiteto que, embora tenha iniciado seus estudos em Cambridge, largou a universidade para lutar na I Guerra Mundial – tornou-se famoso por inventar o Domo Geodésico. Para construí-lo, adotou como unidade básica o tetraedro, forma geométrica que possibilitou construir (com baixo custo) enormes vãos cobertos, além de possibilitar moradia ao homem em regiões desérticas (construiu-se uma Geodésica no Pólo Sul para abrigar uma estação científica). Füller não pretendia simplesmente criar uma estrutura revolucionária. Suas pesquisas e sua arquitetura demonstravam uma nova compreensão do espaço terrestre: Ao invés da percepção regionalizada, uma visão global.
Durante a II Guerra Mundial, ainda tendo em vista a possibilidade de levar o homem a habitar lugares inóspitos (ampliando assim sua mobilidade sobre o globo), Füller desenvolveu a habitação Dymaxion (U$1250/un). Essa unidade habitacional era vendida através de catálogos que anunciavam: “produção em massa, distribuição da unidade em pacotes, construção rápida, baixo custo, orientação flexível, resistência ao fogo, abalos, desmontabilidade.” A Dymaxion demonstrava que era possível potencializar as interações do homem com o ambiente.
Porém, o american way of life não seria alçado sem a existência de um automóvel particular condizente com a vanguardista residência. Em consonância com esse sonho, o arquiteto extrapolou seu campo de atuação com o projeto Dymaxion Car, cuja aparência remete a uma combinação de Kombi com um Fórmula 1.
Um formato revolucionário: Uma “gota” com apenas uma roda dianteira e duas traseiras, capaz de levantar vôo. Apesar de (ao construir seu protótipo) ter desistido de dar asas a sua criação, foi comprovado que seu automóvel apresentava melhor aerodinâmica, além de ser mais eficiente na realização da baliza (e proporcionar um maior raio de visão ao piloto motorista).
Mas Füller não foi o único a utilizar arquitetura como veículo de informação. Outros seguiram seu caminho. Entre eles está outro visionário americano, Nicholas Negroponte (1943-), famoso por ter idealizado o “laptop de US$ 100”. Negroponte é presidente e fundador do Media Lab do MIT.
“The Media Lab is a place where the future is lived, not imagined”
Essa frase, nada despretensiosa, abre o texto de apresentação do laboratório e dá a exata medida das intenções de seus pesquisadores. O laboratório desenvolve um projeto com o sugestivo nome Changing Places. Outra vez, a arquitetura e a tecnologia estão unidas para proporcionar ao homem possibilidades mais amplas de interação com o ambiente. Mais uma vez, revolucionários conceitos são veiculados através de um projeto que associa uma nova concepção tanto para a casa, quanto para o carro: a CityHome e o CityCar.
Tornar os espaços mais eficientes através da mobilidade e flexibilidade dos objetos é uma das principais propostas desse projeto. Assim, A CityHome se propõe a adaptar-se às mudanças do usuário: your home can change with you. Apesar dos 78m² de superfície, possui um sistema de paredes móveis e mobílias dobráveis, permitindo diversas configurações de ambiente num mesmo espaço. Assim, a sala de jantar pode se transformar num escritório ou num quarto. Os 78m² se perfazem em 156m²… ou mais! Já o CityCar, por sua vez, além das suas (já reduzidas) dimensões, torna-se ainda menos espaçoso quando estacionado, pois adquire automaticamente uma configuração vertical.