“Clube de publicidade antipublicidade” paga usuários do TikTok que fizerem sucesso com sons críticos ao capitalismo
"Anti Ad Ad Club" promove pagamentos de até 20 mil dólares a quem publicar vídeos na plataforma falando mal de empresas como a Tesla, o Facebook e o próprio TikTok
É fato comum que a forma mais eficiente de se fazer dinheiro nas redes sociais hoje é apelando para os bons e velhos posts patrocinados, com marcas financiando fotos, vídeos e tweets de influenciadores em busca daquele palco digital que eles tocam diariamente. Até mesmo o TikTok está sendo envolvido nesta lógica, com empresas já apelando para a seção de sons da plataforma para bombar seus produtos na rede social.
Mas enquanto essas estratégias geralmente envolvem a divulgação e compra de itens, o que aconteceria se alguém apelasse a ela para justamente criticar o sistema? Este é o ponto do “Anti Ad Ad Club”, novo projeto do MSCHF que literalmente está recompensando usuários que “explodirem” no TikTok com sons que criticam grandes conglomerados da indústria.
A premissa é bastante simples e permite a qualquer um que ganhe dinheiro em cima do projeto. O site oficial do “clube” conta com nove sons que satirizam diretamente empresas de diferentes áreas e podem ser “replicados” no TikTok, e quem obtiver determinadas taxas de visualizações dentro da plataforma poderá se candidatar a receber os montantes correspondentes oferecidos pelo MSCHF via PayPal. As ofertas de pagamento variam de US$ 10 a US$ 20 mil, com as recompensas maiores tendo limite de um “influenciador” por conquista – até porque a empresa não é nenhuma Netflix que pode arcar com uma dívida de bilhões.
“Posts patrocinados são um mal vergonhoso e onipresente das redes sociais, um paradigma de conteúdo que se levante inexoravelmente das condições básicas do mundo: marcas querem aparecer ao público a qualquer custo, e o jovens nas redes sociais tem audiência” escreve a MSCHF no manifesto oficial da campanha, onde define o “clube de propaganda antipropaganda” como um espaço “dedicado a reverter o fluxo de economia de atenção pelo mesmo funil que ele é fornecido”: “Se o desejo de todo usuário é se vender, nós ficamos felizes em permitir este impulso se significa que nós podemos bater nas companhias que providenciam o dinheiro”.
A parte mais legal são os áudios envolvidos na ação, porém. Cada empresa citada é criticada de forma direta no áudio por um caso problemático recente, incluindo o próprio TikTok (por eliminar do algoritmo pessoas que não se adequam aos perfis de beleza), a Fashion Nova (por utilizar design de terceiros sem o devido pagamento), a Amazon (por violações dos direitos humanos e sabotagem de uniões trabalhistas), a NFL (por seguir em frente com o torneio no meio da pandemia mesmo com casos de coronavírus entre os jogadores), a Tesla (por não fornecer plano de saúde a funcionários e também sabotar sindicatos), a Comcast (por “só ser babaca”, segundo a ação), o Facebook (por todas as questões envolvendo discursos de ódio e desinformação), a Purdue (por lucrar com a crise de opioides nos EUA) e a Palantir (por fornecer informações privadas às forças policiais norte-americanas).
De acordo com a MSCHF, o projeto seguirá no ar por algum tempo mas não eternamente, incentivando que o público “poste rápido” seus vídeos no TikTok para ter tempo de acumular o número de visualizações necessário para garantir a grana – que é providenciado dos mesmos fundos financeiros que viabilizaram o “streaming pirata” da companhia e a recriação de “The Office” no Slack.